Tudo indica que vivemos a sexta grande extinção: o capitalismo é a causa.
Com as recentes ondas de calor, muitos se perguntam se caminhamos para o fim do mundo. É cada vez mais comum ver amigos desesperançosos com o cenário atual das mudanças climáticas. Com o que devemos exatamente nos preocupar?
A Terra existe há 4,5 bilhões de anos. E há vida aqui há pelo menos 3,8 bilhões. Ao longo dessa imensa história, o planeta e os seres já se transformaram diversas vezes. A mudança é uma lei universal. Nada dura para sempre.
Nos primeiros 4 bilhões de anos, a vida se resumia a seres microscópicos. É difícil achar registro deles. Por isso, sabemos pouco sobre o que ocorreu nesse longo período.
Porém, há 500 milhões de anos (m.a.) surgiram as plantas, animais e fungos. Esses seres, pluricelulares, deixaram uma história muito maior no registro fóssil. Sabemos por meio dele que já ocorreram ao menos cinco grandes extinções.
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Espécies surgem e desaparecem
É natural. Porém, há um ritmo normal para isso. Quando muitas espécies somem em um intervalo curto, temos uma extinção em massa.
A mais famosa é justamente a última, do fim do Cretáceo, que extinguiu os dinossauros e ocorreu há 65 m.a. Mas, houve outras. A primeira, do fim do Ordoviciano, há 440 m.a. A segunda marca o fim do Devoniano, há 370 m.a. A terceira foi a maior. Estima-se que 95% das espécies sumiram. Foi o fim do Permiano, há 250 m.a. E a quarta, há 200 m.a., foi o fim do Triássico.
Todas tiveram causas naturais. Grandes mudanças no ambiente decorrentes de fatos como erupções vulcânicas, quedas de asteroides e movimentação da crosta terrestre.
Nesses momentos, a vida passou por uma fase de crise, em que muitas espécies sumiram por não estarem mais adaptadas ao novo ambiente da Terra. Mas, após um tempo, a evolução permitiu que a vida novamente explodisse em diversidade. Tais processos de extinção-recuperação levam alguns milhões de anos.
Tudo indica que vivemos a sexta grande extinção. O capitalismo é a causa. O mundo perde biodiversidade em um ritmo assustador. E as mudanças climáticas tendem a acelerar isso.
O mundo vai acabar? Provavelmente, não. Em milhões de anos a vida se recuperará e voltará a florescer. Porém, no curto prazo da vida humana, se nada for feito, as expectativas são terríveis.
A espécie humana será extinta? Creio que não. Temos inteligência para nos adaptar a esse novo mundo. Porém, será um mundo triste. Pobríssimo em biodiversidade e com os humanos mais vulneráveis sofrendo as piores consequências.
Que tenhamos sabedoria para impedir esse triste cenário.
Um abraço e até a próxima!
Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de ensino de Minas Gerais.
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Leia outros artigos de Renan Santos em sua coluna no jornal Brasil de Fato MG
Edição: Larissa Costa