Atualmente deputado federal em segundo mandato por Minas Gerais, Rogério Correia (PT) foi escolhido, em agosto deste ano, como pré-candidato a prefeito de Belo Horizonte pelo Partido dos Trabalhadores.
Nascido na capital mineira, o político iniciou sua trajetória como professor de física e matemática da rede pública estadual de Minas Gerais, onde lecionou por dez anos. Rogério também ocupou uma vaga na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) por três legislaturas, entre 1999 e 2015. Também foi vereador de Belo Horizonte por três mandatos, de 1989 a 1999.
Na atuação sindical, ele foi um dos fundadores do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), terceiro maior sindicato da América Latina, e é reconhecido como parceiro dos movimentos sociais e das causas populares.
Ao longo do primeiro semestre deste ano, o deputado ganhou ainda mais destaque por sua participação na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos de 8 de Janeiro de 2023, que ficou popularmente conhecida como “CPMI do golpe”. Na comissão, ele denunciou os intentos golpistas promovidos por apoiadores do ex-presidente inelegível Jair Bolsonaro (PL) que não se conformaram com a derrota nas eleições presidenciais.
Para saber como o pré-candidato tem avaliado a conjuntura da capital mineira, as movimentações do campo democrático e da extrema direita para as eleições do próximo ano o Brasil de Fato MG entrevistou Rogério Correia.
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Para o deputado federal, a corrida eleitoral de 2024 tem importância nacional e será fundamental para o restabelecimento da democracia nas cidades e em todo o país.
“Acho que consolidar o grupo vitorioso do presidente Lula (PT), que hoje governa o Brasil, é essencial para garantir o processo democrático que até hoje sofre riscos. Houve tentativas muito reais de golpe no Brasil”, afirma.
Ele acredita que representantes do bolsonarismo utilizarão novamente da disseminação de notícias falsas para tentar vencer o pleito na cidade. “Temos que esperar deles aquilo que o bolsonarismo sempre foi e que, infelizmente, nos últimos anos, vimos no Brasil. Isso realça a necessidade da unidade do campo democrático e popular”, comenta.
Sobre as necessidades da capital mineira, ele acredita que, além da parceria com o governo federal para trazer mais recursos e programas para o município, é necessária maior participação popular na identificação e resolução dos problemas de Belo Horizonte. Para Rogério, a atual gestão da prefeitura é “sem ousadia programática e sem participação social relevante”.
“Precisamos ter conselhos populares. Eu quero criar um programa que vai se chamar “Periferia viva”, no qual vamos eleger representantes por bairro, e cada regional terá participação e ajudará a definir o que é essencial para a população”, ressalta.
Confira a entrevista completa:
Brasil de Fato MG – Como você avalia a atual gestão da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH)?
Rogério Correia - A prefeitura hoje é sem ousadia programática e sem participação social relevante. Falta participação popular na Prefeitura de Belo Horizonte. Nós precisamos ter conselhos populares. Quero criar um programa que vai se chamar “Periferia viva”, no qual vamos eleger representantes por bairro, e cada regional terá participação e ajudará a definir o que é essencial para a população, seja sobre meio ambiente, educação, saúde, transporte e outros. Para cada uma das questões que tocam a população, em especial a mais pobre, temos que ter programas combinados com a participação popular, que modifiquem para melhor a vida das pessoas.
Como você acha que deveria ser a política de participação popular na capital mineira?
Quero ressaltar a participação popular como um item importante da nossa proposta. A ideia é que a gente formate uma participação popular com conselhos, que existirão em todos os bairros e comporão um “conselhão” em cada administração regional. Esses conselhos vão trabalhar a ideia do território e da cidadania, sempre assistidos pelas secretarias de governo. Vamos avaliar em cada regional como está o acesso à educação, por exemplo. É preciso mais escolas, abertura de mais vagas.
Também vamos avaliar, por exemplo, quantas equipes de saúde da família temos em cada comunidade. Atualmente, em Belo Horizonte, uma equipe de saúde da família é responsável por aproximadamente 4 mil pessoas. Queremos que seja uma equipe para no máximo 2 mil, aumentando a quantidade de profissionais.
O conselho também vai avaliar a participação da comunidade negra no processo. É preciso questionar se tem existido com centralidade o combate ao racismo, ao preconceito e às desigualdades. As desigualdades econômicas também estão diminuindo? O que é preciso ser feito para diminuir ainda mais?
Então, a participação popular será efetiva. A ideia é que esses conselhos sejam amplos e tenham, portanto, condições de debater e apontar soluções para todos os setores.
Em sua avaliação, quais são os principais problemas econômicos e sociais enfrentados na capital mineira?
Do ponto de vista da arrecadação de Belo Horizonte, somos capazes de garantir à população o necessário para ter um bom fornecimento de água, luz, coleta de resíduos e das questões relativas aos serviços sociais, de maneira geral.
Porém, é muito necessária a parceria com o governo federal, porque, por exemplo, para fazer grandes obras de infraestrutura, que resolvam o déficit habitacional e evitem tragédias em época de chuva, entre outras questões, são grandes necessidades da população, mas que não são possíveis apenas com recursos próprios da prefeitura. Nossa expectativa é ter uma boa relação com o governo federal.
Em relação ao transporte, temos algumas ideias, uma delas é a tarifa zero. Um terço do transporte é subsidiado pela prefeitura. Em nossa opinião, é possível tornar o transporte gratuito.
Temos também a proposição de fazer o Parque Nacional da Serra do Curral e isso já está em debate com a ministra Marina Silva e com o presidente Lula, apontando uma visão distinta daquilo que tem sido feito até hoje, que é favorecer as mineradoras em BH. Nós defendemos a preservação ambiental.
Como você avalia as atuais tensões entre o prefeito e a Câmara Municipal, e como a população é impactada?
A bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara Municipal tem feito uma boa denúncia sobre as tensões e brigas entre o prefeito e, em especial, o presidente da Câmara. Essa tensão não pode continuar, porque tem gerado prejuízos. Existem projetos importantes que demoram a ser votados, outros estão ainda sem previsão de votação. É preciso ter uma saída alternativa para essa situação e a bancada do PT está construindo.
Qual é a importância das eleições municipais de 2024?
As próximas eleições têm primeiro uma importância nacional. Eu acho que consolidar o grupo vitorioso do presidente Lula, que hoje governa o Brasil, é essencial para garantir o processo democrático que até hoje sofre riscos. Houve tentativas muito reais de golpe no Brasil. Além disso, é necessário fazer uma ligação dos programas sociais do governo Lula, como o fortalecimento do Bolsa Família e a criação do Bolsa Escola, com a capital mineira. Uma aproximação com o governo federal vai nos ajudar muito.
Em sua avaliação, como será a participação da extrema direita nas eleições de 2024? E, qual é o papel da unidade do campo democrático e popular para derrotar a extrema direita em BH?
Para que a gente possa obter uma vitória, o primeiro passo é termos um candidato competitivo apontado pelo campo de esquerda de BH. A minha pré-candidatura foi indicada de forma unânime pelo PT e busca unificar a federação PT, PCdoB e PV. Mas, nós queremos mais que isso. Estamos em conversas com a coligação do PSOL e da Rede, e pretendemos ampliar com PDT, PSB e partidos que, em geral, compõem o governo do presidente Lula. Precisamos de amplitude para derrotar a extrema direita.
A participação da extrema direita nas eleições será intensa, com muitas notícias falsas e com candidaturas agressivas, que fogem do debate democrático. Temos que esperar deles aquilo que o bolsonarismo sempre foi e que, infelizmente, nos últimos anos, vimos no Brasil. Isso realça a necessidade da unidade do campo democrático e popular.
Edição: Larissa Costa