O patriotismo bolsonarista, na essência, é falso
O chauvinismo é um entusiasmo excessivo pela pátria, porém, não é tudo que é nacional, porque, muitas vezes, desprezam as etnias não européias e as classes pobres.
O chauvinista despreza ou odeia tudo que contraria o modelo ideal de pátria por ele adotado. O chauvinismo resulta de uma argumentação falsa, ou não lógica, com base em outras culturas.
No final do século XIX e início do século XX o patriotismo brasileiro era copiado da Europa e dos EUA. Como na obra de Afonso Celso (Visconde de Ouro Preto), intitulada “Porque me ufano de meu país”, com exagero na exaltação de tudo que existia no Brasil.
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Na maioria das vezes, o chauvinismo gera comportamento irracional, com atitudes extremas e radicais, como no livro de Lima Barreto, “O triste fim de Policarpo Quaresma”. Os membros das SS nazistas, milícias políticas de Hitler, agiam como loucos: saiam à procura de pessoas que criticassem ou que se opusessem ao regime, para matá-las e sumir com os cadáveres. Tinham prazer com essa mórbida função.
No regime militar brasileiro, de 1964 a 1984, os mandatários usavam a propaganda para passar a idéia de que eles eram os verdadeiros patriotas. Os oponentes ao regime eram considerados traidores, antipatriotas, e, por isso, deveriam morrer. Havia um slogan altamente excludente que dizia: “Brasil, ame-o ou deixe-o”.
Patriotismo bolsonarista
O patriotismo bolsonarista, na essência, é falso. Porque reivindica o Estado só para uma elite já muito poderosa, excluindo o restante da sociedade. Para os gregos, hipócrita (ypokritis) era a máscara e a fantasia que os artistas usavam para representar uma personagem. É isso que vestir-se com a bandeira do Brasil significa: patriotismo de encenação, hipocrisia, própria do chauvinismo.
Que patriotismo é esse que:
. Permitia e incentiva a destruição da natureza, desativando o Ibama e impedido a fiscalização legal;
. Permitia que o ministro Ricardo Salles exportasse madeira extraída ilegalmente;
. Permitia o garimpo ilegal em rios amazônicos e em reservas indígenas, com enormes prejuízos para a natureza e para o erário nacional;
. Desativou a Fundação Palmares, cujo objetivo é combater o racismo e fortalecer a cultura afro-brasileira como integrante da nação;
. Impediu que o Estado fizesse o devido combate à epidemia da covid-19 com o aumento de mortes de nossos patrícios, chegando a 707 mil óbitos
. Incentivou o uso de armas o que contribuiu para a formação das milícias e do crime organizado no país.
Essa demonstração excessiva, falsa e ridícula de patriotismo, na França, era chamada de “pochon cauvin”, porcos chauvinistas.
Esta é imagem dos golpistas de 8 de janeiro.
Antônio de Paiva Moura é autor do livro Médio Paraopeba e seu saber viver, professor de História, aposentado da UEMG e UNI-BH. Mestre em História pela PUC-RS
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Leia outros artigos de Antônio de Paiva Moura em sua coluna no Brasil de Fato MG
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Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal.
Edição: Elis Almeida