Após demanda de movimentos culturais e populares da cidade, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) oficializou, na última semana, a criação do Centro de Referência das Culturas Urbanas - Viaduto Santa Tereza, que será gerido pela Fundação Municipal de Cultura.
Considerado um marco na luta pela implementação de políticas públicas culturais, o local visa construir, a partir do diálogo e do intercâmbio entre representantes do setor, possibilidades de manutenção e fomento da diversidade cultural do município.
Integrante do coletivo Família de Rua, Pedro Valentim acredita que a criação do centro pode estabelecer um espaço de gestão e governança entre os coletivos e o poder público. Isso, na visão dele, traria benefícios, como a organização de agendas, calendários e a divulgação das ações promovidas no viaduto.
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Para ele, a iniciativa também amplia as possibilidades de investimento em demandas cotidianas pelo funcionamento adequado do espaço, a exemplo de lâmpadas danificadas e sem ponto de energia ou reforma dos vestiários que ficam atrás do palco. “É de fato reconhecer, legitimar e dar conta de atender a potência que o viaduto já tem”, reforça.
Potência cultural e política
Em janeiro de 2024, a PBH começará a promover reuniões com grupos de trabalho, representados pelos movimentos culturais que ocupam o viaduto. A partir desses encontros, será definido como o equipamento funcionará, de maneira prática.
Além de celebrar o momento, Pedro defende que a população não perca de vista o entendimento de que o viaduto tem uma história de luta que precisa ser respeitada.
Segundo ele, é preciso olhar para como a cultura hip-hop continua fazendo contribuições significativas para a cidade e conquistando respeito no cenário nacional, sobretudo com os duelos de MCs.
“Independentemente de quem esteja assumindo cadeiras nos poderes, será sempre a sociedade civil que precisa tomar decisões com o poder público e as diversas instituições. Para dialogar pensando a vida nas cidades, mas sempre com o entendimento de que ninguém está fazendo favor para ninguém”, salienta.
Em BH, outras duas iniciativas podem servir como referências para a importância da criação desses equipamentos, de acordo com Pedro. É o caso do Centro de Referência das Juventudes (CRJ), presente na Zona Cultural Praça da Estação, e do Centro de Referência da Cultura Popular e Tradicional Lagoa do Nado, no bairro Planalto.
Conquista coletiva
Em julho de 2023, nove coletivos urbanos enviaram um ofício para a PBH com demandas de infraestrutura, gestão e políticas públicas historicamente reivindicadas pela população em relação ao viaduto. Assinaram o documento os coletivos Grupo Teatral Espanca, Samba da Meia Noite, Associação Família de Rua, Ponto Nordeste, Uai Sound System, 2 Black Beer, Viaduto Santa Tereza Skate, Batalha Clandestina 031 e Kitutu Gourmet.
Edição: Larissa Costa