Precisamos nos colocar em movimento consciente, capaz de construir vida digna e justa para todos

Sábio foi Guimarães Rosa ao descrever o movimento que a vida tem: “esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta”. Embora os ciclos da vida sejam mais complexos do que os 365 dias do ano, via de regra, encaramos o fim desse período como época de balanço dos projetos que traçamos para o nosso futuro. No Brasil, não podemos dizer que foi um tempo de sossego e quietude, mas estamos, com certeza, mirando um futuro melhor.

Temos um governo capaz de olhar para os pobres. O governo Lula (PT) centrou seu primeiro ano no combate à fome e na retomada de políticas que foram destruídas desde o golpe de 2016: Minha Casa, Minha Vida; Bolsa Família; Farmácia Popular e o Programa de Aquisição de Alimentos são apenas alguns exemplos. Estamos recuperando o cenário de terra arrasada deixado por Bolsonaro.

Aumentamos os índices de vacinação, retomamos políticas de proteção ambiental e aos povos indígenas, aumentamos o salário mínimo, reduzimos a inflação e aprovamos uma reforma tributária. Ainda há muito caminho a percorrer para que o governo Lula avance com as pautas populares, mas nosso cenário é de proposição.

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Em terras mineiras, não podemos dizer o mesmo

Em contraposição ao cenário nacional, em Minas Gerais, o governo de Romeu Zema (Novo) tentou ao longo de todo o ano acabar com os serviços públicos, desvalorizar o salário dos servidores, vender nossas empresas estatais e abrir nosso estado ainda mais para a devastação das mineradoras.

Diante disso, resistimos bravamente com a organização dos movimentos populares, com a atuação de parlamentares progressistas e estamos terminando o ano propondo um plebiscito para consultar a população sobre a venda das estatais.

No contexto global, genocídios e mudanças climáticas

No mundo inteiro, sentimos a urgência de encontrar soluções para a crise climática. Também não nos livramos da direita fascista, que ainda disputa a população com suas propostas conservadoras e preconceituosas. Estamos em meio ao horror do genocídio do povo palestino que, embora suscite a solidariedade internacional, nos mostra também a força da máquina de guerra dos Estados Unidos aliados a Israel, com a conivência de muitos países.

Aperta e afrouxa, esquenta e esfria

O que a vida quer da gente, é coragem. Por isso, ao olhar para esse cenário de disputas tão ferrenhas entre projetos de vida e morte, nossa esperança tem que se encontrar com a ação. Trazendo também Paulo Freire para essa conversa: precisamos “esperançar”. Esperançar não é esperar. É agir em coletivo, provocando as mudanças que queremos ver no mundo.

Organizadas e organizados nos movimentos populares, sindicais, nas organizações de bairro e nos grupos religiosos, a vida nos convida a mostrar o que há de mais humano em nós: agir coletivamente sobre o mundo.

Por isso, esperançar por uma Minas Gerais, um Brasil e um mundo melhor significa nos colocarmos em movimento consciente, capaz de construir vida digna e justa para todos, preservar nossos bens naturais e promover o bem comum. Esperancemos com coragem em 2024.

Edição: Larissa Costa