Romeu Zema, o homem que chegou ao governo de Estado com a trajetória de gestão para o mercado, deveria aprender com alguns estadistas sobre a importância de manter o diálogo com a população e os trabalhadores, numa relação democrática e republicana.
O ex-governador Itamar Franco é um dos exemplos que Zema deveria se espelhar. Quando ainda candidato ao governo de Minas, em 1998, Itamar sentou-se com o Sindieletro e conversou sobre os interesses dos eletricitários; depois, assumiu compromissos com a categoria eletricitária da Cemig.
Ele enviou para o Sindieletro a “Carta compromisso de Itamar Franco com os trabalhadores da CEMIG” e cumpriu o que assinou. Destacamos alguns pontos da carta e os comparamos com os “descompromissos” do governador Zema que, em sua gestão na Cemig, impõe o desmonte da empresa e do nosso Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), tenta privatizar a todo custo por meio da retirada do referendo popular da Constituição Mineira, promove assédios e persegue os trabalhadores.
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A gestão Zema vem tentando utilizar o ACT para impor a implementação de suas medidas de mercado, como disparar ataques para inviabilizar o nosso plano de saúde e lançar práticas antissindicais sistemáticas para enfraquecer as lutas da categoria e do Sindieletro.
O primeiro e importantíssimo compromisso de Itamar Franco com a categoria eletricitária da Cemig e com todo o povo mineiro foi o de não privatizar a empresa e adotar medidas judiciais para a revisão do Acordo de Acionistas feito durante a gestão do ex-governador tucano, Eduardo Azeredo. Esse acordo foi assinado com os sócios norte-americanos AES, Southern Eletric e o Banco Opportunity.
Os sócios compraram 33% das ações ordinárias, mas garantiram o poder de mando na empresa. Com o processo judicial movido pelo governo Itamar, o acordo foi anulado.
A interlocução do Sindieletro com o governo Itamar e com deputados que defendem a Cemig pública garantiu o envio à ALMG da PEC 50, aprovada e que incluiu na Constituição Mineira o voto qualificado de três quintos dos deputados para autorizar a privatização e a realização de referendo popular junto à população mineira para a decisão final sobre a venda da empresa.
Outro importante compromisso foi com a Forluz, de manter os aportes financeiros necessários para a manutenção dos benefícios de aposentadoria. Agora, a gestão Zema na Cemig tenta impor a migração dos planos de aposentadoria da Forluz, em prejuízo dos trabalhadores ativos e aposentados, para planos somente de benefícios variáveis. Os planos de benefício variável têm caráter puramente financista, ao contrário dos planos de benefício definido, que têm caráter mutualista e solidário.
Enquanto o estadista Itamar Franco manteve e ampliou o caráter social e de fomento da Cemig, Romeu Zema, desde o primeiro mandato e sempre que tem oportunidade, desfere críticas aos serviços e aos trabalhadores da Cemig, desdenhando a empresa na tentativa de mudar a opinião pública sobre a privatização da empresa.
Ele aponta descaso da empresa com atendimento “deficiente” aos consumidores, mas esquece-se que é o governador o responsável pela gestão, inclusive pelos investimentos.
Outro ponto: Itamar Franco garantiu a participação de um representante dos trabalhadores no Conselho e Administração da Cemig, mas o homem de mercado que governa Minas agora tenta restringir a atuação do conselheiro indicado pelos trabalhadores.
Na contramão dos estadistas, Zema vende o patrimônio da Cemig
Ainda na contramão dos estadistas, Zema vende o patrimônio da Cemig, fecha localidades e agências de atendimento e sucateia locais fundamentais para os trabalhadores, como a Escolinha de Sete Lagoas. Em alguns casos, a sua gestão cria extrema precariedade para as equipes, como denunciamos recentemente, sobre o ambiente insalubre no CRIU-Uberlândia, onde trabalhadores são obrigados a atuarem num calor de 40 graus sem ar condicionado e convivem com alagamentos de chuvas e até fezes de pombo em galpão de eletricistas.
Confira a carta de Itamar Franco aqui.
Mariângela Castro é jornalista
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Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal
Edição: Elis Almeida