Minas Gerais

SEM ANISTIA

Em BH, mobilização em defesa da democracia marcou um ano dos atos golpistas

Agenda faz parte de calendário nacional que objetiva lembrar dos efeitos perigosos de práticas antidemocráticas 

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
A mobilização teve como um dos principais objetivos exigir justiça em relação aos responsáveis pelo ataque golpista ocorrido em 8 de janeiro de 2023 - Foto: Lucas Wilker

“Ditadura nunca mais” e “viva a democracia”. Essas foram as frases de ordem que ecoaram em um ato, na segunda-feira, em Belo Horizonte, para marcar um ano desde a tentativa de golpe promovido pela extrema-direita, em 8 de janeiro de 2023, nas sedes dos Três Poderes, em Brasília. 

Diversos representantes de movimentos populares e entidades sindicais e parlamentares se reuniram na sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG), no centro da capital mineira, e clamaram por justiça diante dos ataques à democracia. A manifestação foi convocada com a chamada “para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça".

Uma das organizadoras do ato, a presidenta do SJPMG Lina Rocha reafirmou a importância simbólica de realizar o ato na Casa dos Jornalistas que foi espaço de resistência durante a ditadura militar de 1964. 

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“É um símbolo para que a gente não esqueça que é importante a gente ter vigilância e estar atento. As instituições precisam se fortalecer no combate à qualquer tentativa de golpe de Estado no Brasil”, ressaltou. 

Além de BH, diversas outras cidades do Brasil realizaram atos para marcar um ano desde os atos golpistas.

Uma luta por justiça

Conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seção Minas Gerais, o advogado William Santos avaliou que a capital mineira é uma das cidades vanguardistas no que se refere às manifestações em defesa da democracia. 

No entanto, ele também reforçou que outros setores da sociedade ainda precisam se mobilizar melhor contra “aqueles que deturpam a democracia e são contra o estado democrático de direito”, afirma. 


"Um ano após a tentativa, só quem está preso e condenado são os bagrinhos. Seguem sem punição os militares, as lideranças e autoridades que participaram diretamente" / Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Para ele, é preciso que essas mobilizações sejam consolidadas. “Inclusive abrindo espaço de fala para as minorias, porque é importante a manifestação das pessoas desses grupos, contra o ódio, contra os preconceitos de todas as ordens”, observa. 

Roberto Auad, presidente do Sindicato dos Advogados de Minas Gerais (SINAD), fez referência à fala da ex-ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), e disse que o que aconteceu no Brasil foi o “dia da infâmia contra a sociedade brasileira”. 

O sindicalista também realçou que membros das Forças Armadas precisam ser penalizados. “Precisam ser processados e responder criminalmente, porque eles deixaram aqueles acampamentos golpistas, fascistas e não aceitaram o resultado das eleições”, pontua. 

Uma reportagem do Brasil de Fato revelou que, até o momento, não há nenhum registro de condenação significativa de membros das Forças Armadas que deveriam ter protegido o patrimônio público ou mesmo que participaram dos atos no dia. 

Em defesa da história brasileira

O deputado estadual e presidente do Partido dos Trabalhadores em Minas Gerais Cristiano Silveira ponderou que o Brasil precisa ter consideração com a sua própria história, uma vez que, durante a ditadura, diversas pessoas enfrentaram processos de dor e sofrimento para que, hoje, a sociedade possa se expressar. 

“Temos que lutar para que não aconteça de novo. Em homenagem àqueles que lutaram, precisamos garantir que a luta não se perca. Durante os quatro anos do mandato do Lula, queremos ato todo 8 de janeiro”, convocou. 

Entenda o que aconteceu 

Nesta segunda-feira (8), completou um ano do pior ataque às instituições democráticas brasileiras desde o fim da ditadura em 1985. Na ocasião, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram e depredaram as sedes dos Poderes Legislativo, Judiciário e Executivo em Brasília, em ato golpista contra o presidente Lula (PT). 

Segundo o STF, foram instauradas 1.354 ações penais contra participantes dos atos antidemocráticos. No entanto, até o momento, a instituição julgou e condenou apenas 30 pessoas. Os crimes foram descritos como associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e deterioração de patrimônio tombado. Em 14 de setembro de 2023, o primeiro réu foi condenado.

Edição: Elis Almeida