O Ministério da Saúde emitiu um alerta para uma possível epidemia de doenças relacionadas ao aedes aegypt em 2024. Em Minas Gerais, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, foram registradas 198 mortes por dengue em 2023, o que coloca o estado como o segundo com mais óbitos notificados no Brasil.
Na capital mineira, dados parciais da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) confirmaram 12.293 casos de dengue no ano passado. Desse número, dez pessoas morreram por decorrência da doença. Em relação à chikungunya, a PBH confirmou 5.789 casos, com dois óbitos. 49 casos de zika foram notificados, mas 48 foram descartados e apenas um permanece em investigação.
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Esse ano, até o dia 5 de janeiro, não houve nenhum caso de dengue confirmado, mas há 34 notificados e pendentes de resultados. Em relação à chikungunya, há dois casos notificados, que também aguardam resultados. Não há casos notificados e nem confirmados de zika.
Para o médico e vereador de BH Bruno Pedralva (PT), o município precisará reforçar seus equipamentos de saúde para enfrentar uma provável epidemia de doenças causadas pelo mosquito. O parlamentar, que também é médico plantonista em Unidade de Pronto Atendimento (UPA), acredita que a cidade já lida com um grau máximo de ocupação e demanda e que um surto dessas doenças pode sobrecarregar o sistema.
“No período de epidemia de dengue e chikungunya de 2023, a gente chegava até 10 a 12 horas de espera. E o tempo de espera médio em UPA aqui em Belo Horizonte, em períodos usuais, dependendo da gravidade do caso, fica em torno de duas a três horas, então sem dúvida nenhuma nós vamos precisar de incremento de serviços de saúde. Mais profissionais e eventualmente até serviços transitórios, como tendas e containers”, defende.
Bruno revela preocupação, também, com a morbidade provocada pelas doenças, em especial a chikungunya, que acarreta em dores intensas e artrites, com inchaço e, muitas vezes, edemas nas articulações.
Com isso, segundo ele, haverá mais impacto para os equipamentos de saúde, que terão que atender mais consultas, procedimentos e, eventualmente, demandar mais de especialistas, como fisioterapeutas e psicólogos, especialistas em reabilitação.
Prevenção
Uma vistoria realizada pela Secretaria Municipal de Saúde, em outubro de 2023, mostrou que 1,4% dos imóveis em BH possuíam a larva do mosquito aedes aegypti, o vetor das doenças. A avaliação é resultado de uma pesquisa em 88 mil locais da capital, pelo Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa).
O indicador da cidade, portanto, é considerado de médio risco. Caso o índice seja acima de 4%, é considerado alto e, abaixo de 1%, o risco é baixo.
A pesquisa revelou que a região com mais focos do mosquito no ano passado foi a Leste, seguida de Venda Nova. Já as regiões com menos perigo foram Centro-Sul e Oeste.
Legenda e Crédito: Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa). Índice acima de 4% é considerado alto e abaixo de 1%, o risco é baixo. Divulgação/Prefeitura de Belo Horizonte
Bruno Pedralva reforça que as doenças causadas pelo aedes aegypti são tipicamente urbanas, ou seja, quanto maior o adensamento, ou concentração populacional e de edificações em determinadas áreas das cidades, maior o risco das pessoas serem contaminadas.
“Precisamos enfrentar a dengue com esse olhar de que enfrentar a doença também é pensar no planejamento urbano. Organizar a cidade, cuidar da cidade. Lembrando que sim, a responsabilidade principal dos focos são as moradias, mas é obrigação do poder público também orientar, cuidar das pessoas, em especial com trabalho muito louvável dos nossos agentes de combate à endemias”, observa.
No final de dezembro do ano passado, a PBH lançou uma campanha de prevenção ao mosquito transmissor das arboviroses. As dicas antigas, na verdade, ainda são bastante atuais, como tirar os pratinhos das plantas, conferir se a caixa d’água está bem fechada, colocar pneus velhos em lugar fechado, lavar bem as vasilhas dos pets, limpar telhas e calhas para não acumular água, virar garrafas e potes vazios, colocar o lixo no saco plástico e fechar bem a lixeira, conferir cada canto do quintal, retirar a água de bandejas externas de geladeira e ar-condicionado e limpar piscina e tratar com cloro.
Consequências
O alerta para Maria Inês da Silva, moradora do bairro Coqueiros, em BH, começou ao sentir o corpo febril e ter fortes dores nos pés. No outro dia, lutou para conseguir levantar da cama, pois a dor já havia irradiado para as pernas e articulações. Tempo depois, recebeu o mesmo diagnóstico que a sua mãe, Maria José da Silva, de 85 anos, havia recebido: chikungunya.
O episódio das duas é de 2023, mas ainda hoje convivem com as consequências. “Foram uns quatro meses lutando contra a doença e a gente ainda tem um pouquinho de dor, mas não é comparado com o início”, relata Maria Inês.
Já o caso de Daiana Campos, moradora de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), é mais recente. Depois de fortes dores de cabeça e no corpo, seguidas de febre, ela foi diagnosticada, na última quinta-feira (4), também com chikungunya.
“O médico me orientou muito repouso, muita hidratação e me passou mais alguns remédios para náusea”, descreve.
Edição: Elis Almeida