Bolsonaro desmantelou fiscalização de empresas
O vandalismo do dia 8 de janeiro de 2023, mais que criar condições para um golpe de Estado, simboliza uma aversão à democracia.
Enquanto existia a URSS, o ocidente capitalista optava por adotar a democracia como ideal de liberdade, igualdade e fraternidade, inspirado na Revolução Francesa (1789). Naquele momento, o empresariado agrícola, comercial e industrial sentia-se prejudicado com os privilégios da aristocracia remanescente dos tempos do Feudalismo.
No século XX, o capitalismo compreendeu que o regime democrático poderia oportunizar a ascensão social das classes inferiores e médias e impedir que elas debandassem para o regime soviético.
Mas com a desconstrução da URSS (1985) veio a hegemonia do neoliberalismo e da globalização, criando nova ideologia que despreza a democracia. A social democracia passa a ser vista como um entrave ao progresso; exigindo uma “excessiva” carga tributária para manter o estafe burocrático e os benefícios sociais, como no argumento para manter a lei de desoneração da folha de pagamento das empresas.
Durante o regime militar (1964-1985) as empresas multinacionais impunham condição ao governo brasileiro no sentido de não permitir ação de sindicatos de trabalhadores e segurança máxima para as empresas. A isenção de tributos, na forma de incentivo fiscal, é outro privilégio concedido às empresas estrangeiras durante o vigor do Ato Institucional 5 (AI-5).
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Foi nesse momento que os sindicatos de trabalhadores se organizaram, tornando-se uma potência política no combate ao regime militar e que culmina com a Constituição democrática de 1988.
E, aí, começa e se desenvolve a ideologia da resistência ao ideal democrata, com campanhas difamatórias, mentiras, calúnias, sentenças arbitrárias contra partidos, instituições e pessoas. Chegando ao auge com a eleição de Bolsonaro à presidência da república.
No governo Bolsonaro (2019-2022) foi desmantelada a fiscalização em favor de empresas clandestinas e ataques às instituições constituídas. Em comícios extemporâneos, zombavam do regime democrático e valores culturais da nação brasileira, agredindo músicos, escritores, dramaturgos e historiadores.
Neste contexto, foi engendrado por empresários o financiamento da intentona de oito de janeiro.
Antônio de Paiva Moura é autor do livro Médio Paraopeba e seu saber viver, professor de História, aposentado da UEMG e do UniBH. Mestre em História pela PUC-RS.
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Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal.
Edição: Elis Almeida