Aumenta a polarização entre ricos e pobres e a crise social
Segundo a Oxfam, desde 2020, a riqueza dos 5 homens mais ricos do mundo cresceu inacreditáveis 114%, enquanto a riqueza de 5 bilhões de pessoas – 60% da população global – diminuiu no mesmo período. A desigualdade social e o crescimento da pobreza estão entre os principais dilemas da humanidade no nosso século. O acirramento dessa polarização entre superricos e pobres, contudo, pouco tem servido de combustível para projetos mais inclusivos de sociedade.
Ao contrário, exemplos desta semana evidenciam que a extrema-direita, seu projeto ultraliberal e excludente parece pautar o discurso antissistema, se mantendo como força política viva em diversas regiões do mundo.
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Nos EUA, após uma acachapante vitória em uma das prévias presidenciais de seu partido, o ex-presidente Donald Trump proferiu nesta semana um inflamado discurso anti-imigração que parecia descrever uma realidade paralela, na qual seu país estaria sendo invadido por hordas de “imigrantes terroristas” saídos de “prisões e hospitais psiquiátricos”.
Com esse discurso, o pré-candidato tem aumentado seu apoio em todos os estratos sociais. Já o ultradireitista Javier Milei, recém-empossado presidente da Argentina, aproveitou o palanque no Fórum Econômico Mundial para expor ao mundo seu próprio repertório de insanidades, afirmando que as instituições multilaterais estariam “cooptadas pelo socialismo”, atacando o conceito de justiça social, bem como o combate às desigualdades de gênero e às mudanças climáticas.
No Brasil, o discurso político da extrema-direita se reproduz entre grupos políticos que disputam a base social do bolsonarismo. Por aqui, o partido Novo, do governador de Minas Gerais Romeu Zema, não tem vergonha em apoiar abertamente em suas redes sociais o terraplanismo econômico e político de Milei em Davos, apesar do caos econômico e social em que se encontra a Argentina.
Se as ideias da extrema-direita não respondem na prática aos dilemas reais da sociedade, por outro lado, anunciam um mundo sem contradições, cativando assim uma parcela expressiva da população.
Nessa disputa, as forças democráticas e populares ainda não encontraram o tom. É evidente que o modelo de sociedade em que vivemos, baseado em democracia meramente formal com crescente desigualdade econômica, se esgotou.
Contudo, persiste entre nós um receio de enfrentar a polarização social como fato histórico e anunciar um novo projeto de sociedade. Em contexto de crise social profunda, discursos moderados, baseados na conciliação entre interesses opostos tem encontrado pouca ressonância.
Edição: Elis Almeida