“Lutamos pela sobrevivência, por oportunidades, espaço e pela naturalização das nossas existências”, diz Juhlia Santos, do Movimento Autônomo Trans de Belo Horizonte (MovAT). Nesta segunda-feira (29), é comemorado o Dia Nacional da Visibilidade Trans, que tem o objetivo de colocar em pauta as realidades e necessidades das pessoas transgênero.
“Essa data traz um olhar sobre as existências das pessoas dissidentes de gênero, das pessoas trans, que rompem com a normativa da cisgeneridade. Tem o objetivo de dizer que nós existimos, somos cidadãos e cidadãs e estamos no cerne da sociedade. Não queremos viver mais em um tempo de marginalização das nossas existências e dos nossos corpos”, afirma Juhlia, ao comentar sobre a importância do 29 de janeiro.
Neste ano, um conjunto de atividades marcaram os dias que antecederam a data, como forma de mobilização e luta. No domingo (28), por exemplo, a capital mineira recebeu a 7ª edição da “Caminhada pelas vidas T”, organizada pelo MovAT. O evento foi um cortejo carnavalesco, que contou com a presença de 13 blocos, e encerrou a Semana da Visibilidade Trans de Belo Horizonte.
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Na quinta-feira (25), aconteceu a roda de conversa “Encontro Transcidadania”, na qual ativistas se reuniram com representantes do poder público para tirar dúvidas sobre o acesso a direitos da população trans. Já na sexta-feira (26), o movimento organizou uma ações de muralismo na região central do município.
“Começamos com uma imersão exclusiva para pessoas trans. Foi um espaço de fortalecimento e ampliação das redes, no qual a gente pôde elaborar estratégias de sobrevivência. Nos outros dias, nós discutimos, por exemplo, sobre saúde e educação”, relata a representante do MovAT.
“Também fizemos um piquenique com as famílias. Muitas vezes, as nossas existências servem de pautas para a extrema direita, que insiste em nos apartar da sociedade, com o argumento de que estamos corrompendo os valores da família. Nós fizemos uma atividade para mostrar justamente o contrário, nós temos família, nós somos família”, complementa Juhlia.
Desafios
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública indicam que Minas Gerais é o segundo estado do país com maiores índices de lesão corporal dolosa contra pessoas LGBTI+. Esse cenário indica que, além de lutar por reconhecimento, a população trans enfrenta um cotidiano marcado pela violência.
Diante desse cenário, Juhlia enfatiza a necessidade de combater o conservadorismo e disputar o poder público, para que este atue na redução das violações sofridas pela comunidade.
“A maioria das violências e violações que nós sofremos é por causa da falta da condição de humanidade. Nós ainda não conquistamos a condição inegociável de humanidade”, destaca a ativista do MovAT. “É urgente superarmos essa lógica”, conclui.
Edição: Larissa Costa