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Editorial | Cemig, Copasa e Codemig são estratégicas na transição energética. Por que vender?

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Imagem ilustrativa - Foto: Gil Leonardi / Imprensa MG
Estatais podem alavancar desenvolvimento do estado

Romeu Zema, empresário e comerciante que é, não vê o Estado como responsável pela gestão de boas políticas públicas. Ele só pensa naquilo: lucro. Por isso, ele quer vender para seus amigos empresários empresas públicas que são altamente lucrativas. Elas atuam em setores extremamente estratégicos, sobretudo no atual contexto de mudanças climáticas.

O momento é de disputa por recursos naturais em todo o mundo. Os países buscam saída para mudar a matriz energética, abandonando progressivamente o petróleo. Empresas que lidam com água, saneamento, energia e minerais críticos, como an Cemig, Copasa e Codemig, se tornam ainda mais importantes e valiosas.

Desde que foram criadas há muitas décadas essas empresas públicas foram decisivas para o desenvolvimento de Minas Gerais. E serão ainda mais estratégicas nos próximos anos.

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Muitas guerras tem ocorrido no mundo em disputa pela água, energia, gás, petróleo, minerais e outros recursos naturais. O Brasil é rico de tudo isso, e Minas Gerais também. O que é um enorme potencial para melhorar a vida do nosso povo. Se vendermos as estatais, esse potencial não será aproveitado pelo povo, será apropriado pelo lucro dos empresários.

Empresas altamente lucrativas

As estatais de Minas Gerais são muito lucrativas e não dependem de nem um centavo do governo estadual. A Cemig está presente em 774 municípios, atendendo a 9 milhões de unidades consumidoras. Apenas em 2022, a empresa teve receita de R$ 34,5 bilhões e R$ 4,1 bilhões de lucro. Se considerarmos os últimos cinco anos, a receita totaliza R$ 141 bilhões.

Por definição da gestão Zema da empresa, desde 2019, aproximadamente 50% de seu lucro líquido foi distribuído para acionistas, na forma de juros e dividendos. Em 2022, os acionistas receberam R$ 2,2 bilhões e, nos últimos 5 anos, foram distribuídos R$ 7,3 bilhões. O Estado fica apenas com 17,04% desse valor.

Apesar dos lucros crescentes, a Cemig também vem reduzindo o número de empregados. Até meados da década de 90, eram aproximadamente 18 mil trabalhadores do quadro próprio e, em 2018, a quantidade caiu para 6.083. Em 2022, já eram apenas 4.969 trabalhadores.

Claro que quem perde com a entrega do lucro aos empresários e com a redução de funcionários é o povo mineiro.

Tarifa Social e subsídio cruzado

O caráter público da Cemig é o que garante a tarifa social, por exemplo. Ela permite que famílias em situação de maior vulnerabilidade tenham acesso a até 65% de desconto na conta de luz. Uma empresa privada, com foco no lucro, não deve manter essa política social.

Atualmente, a Copasa possui aproximadamente 10 mil funcionários e leva água de qualidade e esgotamento sanitário para cerca de 11 milhões de pessoas, em 623 municípios.

Independentemente de onde moram, todos os consumidores do estado servidos pela Copasa pagam a mesma tarifa. Ocorre que, das 642 cidades atendidas, mais da metade possui menos de 10 mil habitantes e não geram lucro, ao contrário, operam no vermelho. Pelo sistema de subsídio cruzado, a Copasa investe o recurso obtido em locais onde é lucrativa naqueles onde ela é deficitária. Se privatizar, isso tende a acabar.

Plebiscito Popular

Para não permitir que nossas estatais sejam vendidas, prejudicando a qualidade de vida da população com o aumento de tarifas e a piora do serviço – como assistimos em BH após a privatização do metrô – está sendo organizado um plebiscito popular. A proposta irá consultar a população sobre se ela é ou não favorável a privatização das estatais. Quem quiser saber mais basta acessar instagram.com/comiteforazema.

 

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Edição: Elis Almeida