Em nossos dias são muitos os flagelos que assolam o planeta
Há, no momento atual, uma inquietação na humanidade que nos leva a pensar em uma catástrofe universal. Talvez tenha sido situação semelhante à atual, que levou São João Evangelista, que viveu no primeiro século depois de Cristo, a escrever o livro “Apocalipse”, que em grego significa revelação. Além de seu caráter bíblico, o texto de São João tem também um valor estético.
Tudo que Júlio Verne previu em duas obras - “Da Terra à Lua” (1861) e “Vinte mil léguas submarinas” (1871) - concretizou-se um século depois. Mas o Apocalipse traz ensinamentos importantes que levam a humanidade a pensar no futuro e refletir sobre o poder de destruição que o homem adquiriu no decorrer dos tempos históricos.
Os símbolos e metáforas usados no texto sempre deram margem a múltipalas interpretações, feitas por teólogos e filósofos. Dos quatro cavaleiros, o de cavalo branco simboliza a vitória, a transcendência; o vermelho a guerra; o amarelo a morte e o preto a fome.
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Em nossos dias são muitos os flagelos que assolam o planeta: crise ambiental, desigualdade, guerras extremadas que vêm eliminando pobres; epidemias de vírus exóticos; aumento de doenças mentais; e consumo exagerado, não havendo mais lugar adequado para o lixo.
Guerras
No âmbito do cavalo vermelho estão as guerras do século XXI que provocaram milhões de mortes e levaram massas humanas a se refugiarem em outros países a exemplo da guerra da Rússia e Ucrânia, da Primavera Árabe, Síria e Estado Islâmico. Estamos vendo os horrores da guerra entre Israel e Hamas, com massa de refugiados morrendo de fome e tendo que comer ração de animais.
Com o cavalo amarelo vieram as pandemias da covid-19, que levou sete milhões de vidas. Além de tantas outras doenças.
Fome
A mais assustadora e detestável é a ação do cavalo preto com o aumento de mortes e da fome, causada pela desigualdade social crescente no mundo. Economistas do FMI já se preocupam com o destino dos trabalhadores atingidos pelo avanço da inteligência artificial, de vez que o resultado do trabalho na produção de bens e serviços, cada vez mais, beneficia o dono do capital e diminui para os trabalhadores.
Não é só a desocupação de trabalho humano, mas a diminuição da renda de quem trabalha. Além disso, as grandes empresas vão tomando lugar das pequenas. Isso contribui para o aumento da desigualdade e da concentração de renda em mãos de poucos. As grandes empresas vêm impondo a precarização do trabalho, com instabilidade, aumento de carga horária, baixa remuneração, diminuição do poder sindical e falta de proteção social.
É sintomático o aumento de trabalho análogo à escravidão. Não menos nocivo é o empresariado clandestino que explora narcotráfico, garimpo ilegal e contrabando.
O resultado de tudo isso é que, em 2023, no Brasil, sendo o maior exportador de alimentos do mundo, haviam 36 milhões de pessoas que não têm o que comer ao mesmo tempo em que as classes média e alta desperdiçam alimentos que poderiam alimentar essa massa faminta.
Paz
Depois da segunda guerra mundial, o cavalo branco atuou no sentido de dar paz e prosperidade para humanidade. Agora vamos rogar para que ele volte antes que seja deflagrada uma terceira guerra mundial, com armas nucleares, evitando uma hecatombe, que resultaria na morte de todos os seres vivos da Terra.
Antônio de Paiva Moura é professor de História, aposentado da UEMG e UNI-BH. Mestre em História pela PUC-RS
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Leia outros artigos de Antônio de Paiva Moura em sua coluna no Brasil de Fato MG
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Este é um artigo de opinião, a visão do autor não necessariamente representa a linha editorial do jornal.
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Edição: Elis Almeida