Trazer um olhar sobre a melancólica relação dos mineiros com um estado vitimado pela mineração é a premissa do curta O Silêncio Elementar, que teve sua estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Rotterdam na última semana.
A diretora do filme, a cineasta mineira Mariana de Melo, da produtora Piranha Filmes, terminou a série de exibições, na sexta-feira (2), emocionada com a recepção do público. Ao Brasil de Fato MG, destacou a importância de levar o assunto para pessoas do mundo inteiro.
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“É uma honra muito grande, tanto para mim, individualmente, quanto para o cinema brasileiro. E para essa causa da luta ambiental, das questões antimineração. É uma representação numa vitrine muito grande”, sublinhou.
O festival, realizado na Holanda, é um dos maiores do continente europeu, ao lado de eventos como o de Cannes, Veneza, Berlim e Locarno. Mais de 400 obras, de vários lugares do globo, foram exibidas neste ano.
Inspirações
Múltiplos artistas inspiraram a obra, como Ana Martins Marques, com um poema que dá nome ao filme, Carlos Drummond de Andrade e diversos antropólogos brasileiros. No audiovisual, a cineasta portuguesa Catarina Vasconcelos é citada pela diretora, bem como o diretor brasileiro Karim Aïnouz e o cinema-ensaio do francês Chris Marker.
“O filme parte da premissa de uma investigação de um tema muito político, duro e violento. Então eu tinha um desafio de retratar isso de uma maneira cinematográfica e não jornalística”, explica Mariana de Melo.
No curta, imagens de arquivo são intercaladas por outras encenadas, o que abre espaço para o simbolismo. Segundo a diretora, o objetivo principal é retratar a devastação causada pela mineração por meio das afetações cotidianas.
A história retratada no filme é embasada por uma pesquisa da realizadora para o seu trabalho de conclusão do curso de cinema na Universidade Federal Fluminense (UFF). No trabalho, ela reuniu referências sobre a identidade mineira atravessada pela mineração, à luz da psicologia e da antropologia.
Além de O Silêncio Elementar, Mariana também foi assistente de direção em outras produções brasileiras. Uma delas foi o aclamado Democracia em Vertigem, da diretora Petra Costa, documentário que concorreu ao Oscar em 2020.
Estreia no Brasil
A cineasta pretende levar o curta ao máximo de estados no Brasil, nos circuitos de festivais de cinema, que, comumente, acontecem nos segundos semestres do ano. O anúncio deve ocorrer em suas redes sociais. “A gente está com tudo nesse investimento para que o filme tenha uma vida longa em Minas Gerais e no Brasil todo”, ressalta.
Edição: Larissa Costa