Minas Gerais

CONTRADIÇÃO

Moradores de Betim denunciam desmatamento de parque que deveria ser preservado

Em meio às emergências climáticas, prefeitura do município já cortou 50 árvores e quer cortar ainda mais

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
Foto - - Reprodução/Câmara Municipal de Betim

Moradores de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), denunciam que o Parque Ecológico Chico Mendes está em perigo. Segundo os frequentadores, a prefeitura do município já cortou 50 árvores da área e pretende cortar ainda mais, com a justificativa de que irá construir um estabelecimento de ensino. 

As famílias que vivem nos bairros São Caetano e Jardim Perla, na região Imbiruçu, onde é localizado o parque, argumentam que o equipamento é fundamental para a qualidade de vida da população, e que o prefeito Vitório Medioli (sem partido) poderia construir a escola em outra área da cidade. 

Nesta terça-feira (6), durante a manhã, aconteceu um ato de entrega de um dossiê em defesa da preservação do parque. A atividade será na Câmara Municipal de Betim. 

“O povo da periferia também tem o direito a uma área verde. Não são somente os parques do Centro da cidade que têm que estar cuidados e preservados. Essa é uma das únicas áreas verdes que a população pode usufruir na região. A área proporciona uma melhor qualidade do ar e do bem-estar”, conta Luana Margarida, bióloga e moradora da região. 

Parque é área de preservação 

Desde 1997, o parque é considerado uma área de preservação ambiental (APA). Porém, uma alteração do Plano Diretor do município deixou 4,8 mil metros quadrados do parque desprotegidos. 

Em nota, a prefeitura afirma que a “construção já foi licenciada” e que entre as condicionantes para a realização da obra, “está o plantio de 198 mudas das espécies inventariadas no local, na área do empreendimento ou em áreas públicas do entorno”. O texto ainda afirma que a desafetação da área “segue todos os trâmites legais norteados pelo Plano Diretor, por meio da Lei Complementar nº 15”.

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Luana avalia a medida como autoritária, uma vez que não houve nenhum tipo de consulta à população que vive no entorno do parque.

“Por que desmatar árvores sendo que a escola pode ser construída em outro local? Nós somos a favor da construção de uma creche, que seria importante para a região, mas não dentro do parque. Eles fizeram a alteração do Plano Diretor ‘na calada da noite’, sem uma consulta à comunidade para discutir sobre o tema. É truculenta e desrespeitosa essa atividade”, avalia a moradora. 

Para a bióloga, o cenário se torna ainda mais grave ao considerar que o desmatamento da região acontece em um momento no qual especialistas alertam para as emergências climáticas. 

“Uma árvore adulta consegue captar 160 quilos de gás carbônico anualmente. Ou seja, 99 árvores, que é a quantidade que querem cortar, conseguiriam captar em média 15 toneladas”, explica Luana. 

Apesar de questionada pela reportagem, sobre a mudança do Plano Diretor sem consulta à população, a Prefeitura de Betim não fez nenhum comentário.

Abaixo-assinado

Os moradores organizam um abaixo-assinado para pressionar a Prefeitura de Betim a cessar o corte das árvores. Para assinar o documento, clique aqui

 

 


 

Edição: Larissa Costa