Minas Gerais

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O carnaval é do povo, o carnaval é nosso

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Crédito - Júlia Lanari/PBH
Zema não combina com nada em Minas, sua política é mesquinha

Mais um fevereiro chegou, ensolarado, por vezes chuvoso, mas sempre colorido e carnavalesco. É tempo de uma das festas mais amadas pelas brasileiras e brasileiros, que ocupam as ruas das cidades, espalhando purpurina, bom humor e, claro, profanando o conservadorismo da nossa sociedade.

Mas pela nossa surpresa, neste ano, em Belo Horizonte, o governador Romeu Zema (Novo) tem tentado com unhas e dentes se apropriar do nosso carnaval, construído historicamente por grupos culturais da cidade. É importante lembrar que, desde os idos de 2009, época do decreto esdrúxulo do então prefeito Marcio Lacerda, que impedia a realização de eventos na Praça da Estação, o carnaval belo-horizontino tem uma marca forte: é de enfrentamento, de luta.

E isso não vai mudar com Zema, embora sabemos que a festa tomou proporções gigantescas, abrindo espaço para grupos de distintas posições políticas. A democracia é assim. Mas, convenhamos, o carnaval não combina com a extrema direita. Não combina com Zema e com seu tipo de garoto mimado, que não gosta de andar na rua, de tomar latão dos vendedores ambulantes e de comer um cachorro quente, depois de horas em um bloco de carnaval.

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Aliás, Zema não combina com nada em Minas Gerais. Sua política é mesquinha, ultraliberal, favorece sempre sua corja de amigos empresários e, claro, garante um aumento de 300% no próprio salário. Um governador que comemora junto dos mais otários o fim da exigência do comprovante de vacina no ato da matrícula escolar é sem escrúpulos. E no carnaval? Mais uma vez, a postura do governador é eleitoreira.

É trabalho de muita gente

Em Belo Horizonte, o carnaval se tornou umas das maiores festas do país. E desde o início dessa fase pós-2009, chamada por muitos de “reflorescimento”, é muito trabalho envolvido e pouco recurso investido. A cultura, infelizmente, ainda é negligenciada no nosso estado.

Não fossem os trabalhadores da música, do teatro, da dança. Não fosse a juventude que ousou desobedecer o prefeito e realizar a Praia da Estação. Não fossem os caixeiros, pipoqueiros, vendedores que se mobilizaram. Não fossem os foliões que, ao passar dos anos, se tornaram milhões. Não fosse tudo isso, Belo Horizonte, durante o carnaval, talvez ainda estivesse vazia.

O nosso carnaval merece mais recursos públicos e mais estrutura para garantir a todas, todos e todes a melhor experiência possível. E o Estado tem a obrigação de investir para que isso aconteça. Investir nos blocos, nas escolas de samba, nos trabalhadores de todas as áreas que fazem a festa acontecer. Mas o nosso carnaval tem história. E Zema jamais conseguirá se apropriar dela.

Edição: Elis Almeida