Após o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparem fazenda Aroeiras, em Lagoa Santa (MG), a Polícia Militar, a mando do governador Romeu Zema (Novo), iniciou, na sexta-feira (8), um cerco ilegal no acampamento. O bloqueio chegou ao seu segundo dia neste sábado (9).
Sem ordem judicial, os policiais estão impedindo o trânsito de pessoas e autoridades que estão na ocupação. Além disso, está sendo barrada a entrada de alguns suprimentos para as 500 famílias assentadas no acampamento.
A fazenda, que está improdutiva, foi ocupada durante a madrugada de ontem em uma ação liderada por mulheres. Segundo membros do MST, não existe nenhum pedido de reintegração de posse por parte da família que reivindica a propriedade do terreno, e que algumas das herdeiras já manifestaram interesse em negociar com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a venda do imóvel.
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Sílvio Netto, da direção nacional do MST em Minas Gerais, questiona a ação do governo Zema, alegando que não faz sentido que o Estado utilize seu aparato contra o grupo de mulheres acampadas.
“O governador Romeu Zema precisa entender que a ocupação de terras é um direito do povo que luta para que a Constituição brasileira seja cumprida. Portanto, é desumano colocar a tropa para reprimir essas pessoas e impedir que elas tenham o mínimo que precisam. Chega de desgoverno Zema”, afirmou o dirigente.
Na manhã deste sábado, foi permitida a entrada de água e medicamentos. Porém, o MST reivindica a entrada de outros suprimentos para garantir o bem-estar das 500 famílias acampadas, como lonas para a proteção do sol e da chuva, além de gás de cozinha para o preparo da alimentação.
Fazenda Aroeiras
De acordo com a dirigente do MST, Tuíra Tule, em vídeo divulgado nas redes sociais, a fazenda Aroeiras é um território que está abandonado há cerca de sete anos. Herança familiar, a área é disputada por oito herdeiros.
Na sexta-feira (8), duas mulheres da família que disputam a fazenda estiveram no acampamento e se mostraram abertas ao diálogo. Segundo elas, em mais de 20 anos, o imóvel nunca foi regulamentado. Também nunca foi feito um acordo de partilha entre os familiares que disputam a herança.
A fazenda está localizada em uma área de avanço da especulação imobiliária, o que tem resultado em danos visíveis ao meio ambiente do entorno, como a derrubada de mata e o comprometimento dos recursos hídricos.
Campanha de solidariedade
O MST convocou apoiadores, artistas, parlamentares e a população em geral a expressarem solidariedade ao movimento, contribuindo com doações de alimentos e recursos para as famílias assentadas. Também está programado um ato político no Armazém do Campo, em Belo Horizonte, para as 20h de hoje.
Edição: Elis Almeida