Sempre enfrentamos grandes desafios pela liberdade de ser quem somos
Dandara dos Palmares, Tereza de Benguela, Marielle Franco, Áurea Carolina, Macaé Evaristo, Ana Paula Siqueira e tantas que somos, ontem, hoje e amanhã. Todas descendentes de quilombos, herdeiras de uma cultura de opressão, mas que escolhemos lutar por empoderamento, igualdade e direitos, apesar das violências políticas, especialmente contra as mulheres e pessoas negras.
Nós, mulheres negras, sempre enfrentamos grandes desafios pela liberdade de ser quem somos, defender nossa cultura e nosso lugar no mundo. E unidas pela inspiração, força e coragem, nós, parlamentares mineiras de esquerda, estamos escrevendo juntas uma nova história de protagonismo feminino. Somos autoras da primeira lei estadual de Enfrentamento à Violência Política Contra a Mulher, aprovada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais e sancionada em 2023.
Mesmo com os avanços das nossas pautas de direitos no governo Lula, temos muito trabalho pela frente. É necessário fortalecer a nossa luta por espaço, respeito e autonomia na política brasileira.
Uma mulher em cargo de poder no parlamento já é, cotidianamente, julgada pelo gênero. E sendo negra, a discriminação é ainda maior e o desafio é duplo. Para o pensamento machista conservador, ser empoderada, mulher e negra nos espaços de poder e na política é demais. Mas seguimos firmes no combate à discriminação e em luta para fortalecer as maiorias, vítimas históricas da opressão e da desigualdade de diretos e oportunidades.
Hoje, minha mensagem é dirigida, especialmente, para as mulheres negras, importantes líderes nas comunidades quilombolas e tradicionais. É dever de todos nós seguir lutando pela garantia dos direitos humanos.
Por estarmos à frente dessas lutas, muitas vezes somos alvo de ataques e perseguições. Enquanto ativista, militante e no exercício político do meu segundo mandato político como deputada, vivenciei e ainda enfrento várias formas de violência política. Mas a cada dia somos mais mulheres vereadoras, deputadas e prefeitas.
Nossa participação na política e no poder público está só começando. Por isso, faço um chamado às mulheres negras e de luta: venha para a luta, estejam mais próximas, nas trincheiras, nos movimentos e na política. Unidas, vamos aumentar a nossa força, firmes e atuantes nas lutas feminista, antirracista, por mais respeito e igualdade de direitos e oportunidades.
A todas as mulheres negras de luta, de todas as épocas, presente, presente, presente!
Andreia de Jesus (PT) é deputada estadual e presidenta da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais
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Leia outros artigos de Andreia de Jesus em sua coluna no jornal Brasil de Fato MG
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Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal.
Edição: Leonardo Fernandes