Foi no contexto do avanço da extrema-direita e do risco de uma possível reeleição de Jair Bolsonaro (PL) que surgiu a Batucada Popular de São João del Rei. Uma das muitas experiências de mobilização popular do campo progressista, a partir dos comitês temáticos da Frente Brasil Popular (FBP), com foco na mobilização permanente pela eleição do presidente Lula (PT).
Na histórica São João del Rei, a Praça da Biquinha foi o primeiro ponto de encontro para as aulas semanais gratuitas de percussão da Batucada Popular, que mais tarde passaram a acontecer na Casa dos Comitês, na Rua da Cachaça, no centro histórico da cidade.
Conduzida por Ana Paula Milagres Tostes, atriz, percussionista e musicista, a proposta foi ganhando outras proporções. Hoje, a Batucada realiza eventos públicos e apresentações fechadas, com intuito de arrecadar recursos para manter e adquirir novos instrumentos, além de garantir toda a logística para o seu funcionamento.
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Vencendo preconceitos
Não bastassem os desafios para garantir a estrutura necessária para a manutenção do projeto, a regente da Batucada Popular conta que teve que superar muitos preconceitos.
“Ser uma mulher que ocupa os espaços que sempre foram destinados aos homens, principalmente dentro da área da percussão, é muito desafiador. Ao longo desse tempo regendo a Batucada, passei por diversos episódios de machismo, por diversos episódios nos quais duvidavam do nosso trabalho, mas seguimos na luta. Entendo o papel que ocupo dentro desse espaço”, disse Ana.
Mantendo o viés político de esquerda, o grupo segue atuando nas manifestações e atos políticos do campo popular de forma gratuita e aberto a acolher novos integrantes. Com isso, a Batucada Popular mobiliza não só pessoas que já possuem alguma afinidade com a música, mas também quem nunca teve contato com a percussão. E garante uma grande diversidade de seus componentes, já que a maioria dos participantes são mulheres e pessoas LGBTQIAP+.
Mudando perspectivas
Lidiane Campos, estudante de psicologia, conheceu o projeto pelas redes sociais e logo se interessou pelo grupo. Para ela, a formação coletiva entre diferentes gerações e perfis, assim como a convivência e ocupação dos espaços coletivos de luta, contribuem para uma formação crítica e politicamente comprometida.
“Vejo a batucada com uma pegada de educação popular dentro da música. Para além do ensino e aprendizagem dos instrumentos de percussão, a participação das pessoas nos ensaios e shows da batucada gera um movimento de grupo bastante interessante, fortalecendo e criando laços de amizade entre seus componentes”, explica.
Já Lucas Antunes, estudante de história e militante do Levante Popular da Juventude, conheceu a Batucada por meio da atuação política. Frequentador assíduo das apresentações e ensaios, ele acredita que, além de ser acessível, o projeto cumpre um papel fundamental de diálogo com a sociedade.
“A batucada é uma produção cultural de esquerda, uma produção cultural de um campo político que a gente constrói, e isso vai além de ser só muito bonito, tem uma questão ideológica”, disse.
Para conhecer mais do projeto Batucada Popular, acesse o perfil nas redes sociais: @Batucadapopular.
Edição: Leonardo Fernandes