A Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) está em vias de preparar um relatório técnico detalhado com todos os impactos que a corrida Stock Car pode provocar à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A competição está prevista para acontecer em agosto deste ano, em Belo Horizonte.
O documento poderá balizar um pedido de mudança de local da prova, que será realizada no entorno do Mineirão, na região da Pampulha, área que pertence à universidade. O motivo é que a corrida será realizada próxima ao Biotério Central, onde se encontram ratos e camundongos usados em estudos científicos de cerca de 100 pesquisadores da UFMG.
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O risco de impacto ao biotério foi constatado pelas deputadas estaduais Beatriz Cerqueira (PT), presidenta da comissão, e Bella Gonçalves (Psol), na quinta-feira (21), em visita técnica ao campus liderada pela professora Adriana Abalen, coordenadora do Biotério Central, e pelo pró-reitor de pesquisa, Fernando Reis.
Segundo Abalen, os animais não suportarão o barulho e a vibração, de 110 decibéis, provocados pelos motores dos carros.
Impactos
A estrutura do Biotério é uma das maiores do país e dá suporte a estudos para o desenvolvimento de vacinas, mediadores inflamatórios de doenças e investigações sobre dependência química, remédios e tratamentos para diversas doenças, como a covid, dengue, malária, leishmaniose, hanseníase, Alzheimer e vários tipos de câncer.
O espaço, segundo a UFMG, também atende demandas de instituições como a Fiocruz Minas, a Fundação Ezequiel Dias e as universidades federais de Ouro Preto, Alfenas e Viçosa. Outros estados também utilizam a estrutura da federal de Minas, como as universidades federais do Mato Grosso do Sul e do Paraná, a Fiocruz com sede no Rio de Janeiro e o Centro Nacional de Pesquisa em Energias e Materiais (CNPEM).
A universidade também pontua que outros espaços serão afetados pela Stock Car, como o Hospital Veterinário, a Estação Ecológica, o Centro Esportivo Universitário e uma clínica da Faculdade de Odontologia.
“Saio daqui com a seguinte pergunta: o que queremos para a cidade? Uma corrida de carros ou uma estrutura fundamental para o avanço de pesquisas em vários campos?”, questionou a deputada Beatriz Cerqueira após a visita.
Bella Gonçalves pontua que o retorno financeiro gerado pela corrida não se compara aos benefícios duradouros que a pesquisa científica produz. Para ela, o município deveria se preparar para ser um polo de geração de ciência e tecnologia no campo da saúde, o que demandaria mais comprometimento com a valorização de estruturas como a do Biotério Central.
Edição: Leonardo Fernandes