A Metrô BH, empresa privada que assumiu a gestão do transporte metroviário de Belo Horizonte no ano passado, começou a colocar em prática, na quinta-feira (4), um plano de demissão coletiva, que prevê o desligamento de 230 trabalhadores.
Segundo o Sindicato dos Metroviários de Minas Gerais (Sindimetro-MG), desde que o trem urbano da capital mineira foi privatizado, a partir de uma manobra do governador Romeu Zema (Novo) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), aproximadamente mil funcionários, do total de 1483, já foram demitidos.
Alda Lúcia Fernandes dos Santos, da direção do Sindimetro/MG, denuncia que desde a privatização, além das demissões, os metroviários passaram a conviver cotidianamente com o assédio moral.
“São condições de trabalho horríveis, com jornadas estressantes, assédio moral, desrespeito aos empregados, além da retirada de direitos das mulheres, que foram as que mais perderam com a privatização”, comenta.
Ela ainda relata que o sindicato tentou apresentar contrapropostas à empresa, com o objetivo de proteger os trabalhadores, impedindo, por exemplo, a demissão de mães com filhos em idade escolar e de pessoas com deficiência. Porém, a empresa não deu abertura para o diálogo.
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“Não existe um canal de negociação com a empresa. Ela sempre privilegia os interesses dela e sua visão dos empregados. A empresa possui práticas antissindicais, quando não nos deixa sequer acessar as áreas e conversar com os empregados para ouvir suas demandas. Recentemente, ela também cortou os pagamentos dos diretores liberados”, relata Alda.
Ainda na quinta-feira, a categoria fez um protesto contra as demissões. Para terça-feira (9), está prevista a realização de uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e o Sindimetro/MG fará uma caravana à Brasília para cobrar respostas sobre as demissões.
Não melhorou para ninguém
Após a compra da antiga Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) em Belo Horizonte, uma das primeiras ações da Metrô BH foi promover um aumento abrupto da tarifa, que passou de R$ 4,50 para R$ 5,30. Atualmente, a capital mineira é o município do país que cobra mais caro por quilômetro rodado.
A negociação de venda da empresa também prevê um investimento do governo federal de aproximadamente R$3 bilhões e do governo do estado de R$450 milhões. Os defensores da privatização argumentavam que isso possibilitaria a construção da tão sonhada linha 2 do metrô, esperada pela população belo-horizontina há mais de 20 anos.
Porém, o que se vê até agora, além do preço alto e da demissão dos metroviários, são obras paradas e constantes falhas técnicas nos trens. A vendedora Alice dos Santos Ferreira, de 36 anos, destaca que o metrô de Belo Horizonte piorou desde que foi entregue à iniciativa privada.
“Às vezes, eu fico quase 40 minutos esperando o metrô passar. A gente paga caro para esperar muito e ainda correr o risco dele estragar com a gente dentro”, lamentou.
O outro lado
A reportagem procurou a Metrô BH para comentar sobre as denúncias. Além disso, perguntamos: qual é o motivo das demissões?; por que houve aumento da tarifa?; e se existe previsão para a conclusão das obras de ampliação das linhas?.
Em nota, a empresa afirmou que a estabilidade dos funcionários da antiga CBTU terminou em 23 de março de 2024 e que o plano de demissões foi lançado “a fim de continuar a adequação da empresa, mantendo a produtividade operacional”.
Ainda segundo a empresa, “várias obras e processos já estão em andamento”.
Edição: Leonardo Fernandes