Um abaixo-assinado promovido pela comunidade artística de Minas Gerais vai contra decisão recente do governo de Romeu Zema (Novo) em compartilhar a gestão da Sala Minas Gerais com o Serviço Social da Indústria (Sesi), que faz parte da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
O acordo de cooperação técnica para gestão compartilhada foi assinado na sexta-feira (5), entre as entidades e a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), proprietária do local.
Chamada de “Contra o Desmonte da Filarmônica de Minas Gerais”, a petição chama a atenção para os impactos que o novo contrato pode causar ao projeto sinfônico histórico do estado, uma vez que a Filarmônica teria até o dia 31 de julho para desocupar o espaço.
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“Em uma ação política inacreditável, o governo põe fim a um projeto sinfônico moderno, aberto, plural e democrático que, além de sua função precípua de ser difusor do grande patrimônio histórico (não custa lembrar, esse patrimônio é uma das mais significativas criações do gênio humano), desenvolve programas para formação de novas plateias, academia de ensino, fomento a novas composições, concertos ao ar livre, turnês pelo estado, resgate do repertório brasileiro, música de câmara e muito mais”, diz o documento.
Sociedade se mobiliza
Ao pedir a desocupação do espaço, o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, argumentou que o prédio estava subutilizado. No entanto, a classe artística discorda.
“Não são três horas por semana que a Sala Minas Gerais é ocupada pela Filarmônica, são 270 dias ao ano”, aponta o site Concerto. “E o prédio está, sim, vivo, ocupado e borbulhando”, completa.
No acordo, é citado que a Filarmônica deverá apresentar uma definição da agenda de utilização da Sala Minas Gerais em 2025 até o dia 30 de maio deste ano. Ao final de 2024, termina o contrato de gestão do Instituto Cultural Filarmônica com a Secretaria de Cultura de MG.
Em nota, o Instituto Cultural Filarmônica, responsável pela gestão da Orquestra Filarmônica, informou que não participou de qualquer fase das negociações e que só tomou conhecimento sobre a nova gestão pela imprensa.
Por meio de suas redes sociais, o deputado federal Rogério Correia (PT) apontou a ineficiência da gestão Zema para a cultura.
“O governador que não sabe quem é Adélia Prado, agora quer entregar a Sala Minas Gerais da Orquestra Filarmônica, um espaço espetacular de Belo Horizonte, para a Fiemg. É assim que age a extrema-direita, atacando a arte e tudo que gera conhecimento”, declarou.
TCE questiona acordo
Na terça-feira (9), o Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG) recomendou que a cessão da gestão da Filarmônica seja interrompida pela Codemig. O conselheiro Durval ngelo determinou ainda a intimação do presidente da estatal, Thiago Toscano, que deverá prestar depoimentos em cinco dias úteis.
No despacho, ngelo explicou que a Codemig, empresa que integra a Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), descumpriu uma determinação de outubro de 2023 para suspender o Programa de Gestão de Portfólio, que trata dos investimentos para os ativos da empresa por meio de parcerias com o setor privado.
Edição: Leonardo Fernandes