Os povos quilombolas e comunidades tradicionais são uma grande potência para o turismo internacional
Minas Gerais é um estado rico em belezas naturais, cultura, gastronomia, possui cidades históricas e muitas comunidades quilombolas e indígenas. Nossa cultura de base do interior é negra. Somos o terceiro estado em população quilombola do país. Tudo isso nos torna um lugar próspero para investimento no “afroturismo”, que significa conhecer, reviver, respeitar e vivenciar a história e a cultura negra, proporcionando desenvolvimento econômico para os nativos das comunidades quilombolas.
O presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), Marcelo Freixo, exaltou, em visita à Belo Horizonte, nosso potencial para o afroturismo. Uma terra carregada de símbolos, que evoca uma sensação de pertencimento, com um território e um povo atrativo para o turismo de experiências.
O governo federal já está trabalhando dentro dessa perspectiva com o Programa “Rotas Negras”, que busca impulsionar a igualdade racial, valorizar a história, a memória e a cultura afro-brasileira. A iniciativa pretende criar roteiros turísticos envolvendo estados e municípios na geração de oportunidades de emprego e renda para as comunidades negras.
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Os povos quilombolas e comunidades tradicionais são uma grande potência para o turismo internacional. Nossa proposta junto à Embratur é justamente aproveitar o que Minas tem de melhor e fomentar o turismo em territórios quilombolas, com a criação de circuitos, uma rede comunitária ampla, que possa gerar negócios sociais e a formação de quilombolas como agentes comunitários de turismo.
Investir no afroturismo também é uma resposta do governo para redução da pobreza e dos muitos problemas enfrentados pela população negra dos quilombos, além de reforçar a proteção aos territórios que estão em disputa.
Um exemplo bem sucedido no Brasil de afroturismo é o quilombo Kalunga, em Cavalcante, na região da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Moradores da região há mais de 300 anos, eles conhecem bem seu território e se tornaram guias de trilhas e cachoeiras, possibilitando a convivência com os moradores locais, já que se hospedam e se alimentam no próprio quilombo.
Minas tem tudo para oferecer uma experiência marcante de imersão na cultura afro-brasileira, por meio das festas populares e religiosas, do carnaval e do congado. A iniciativa também é uma forma de combater o racismo e o turismo pode ser uma estratégia poderosa para promover a igualdade racial. Por meio dos quilombos, aprendemos sobre nossa história e identidade e entendemos melhor o valor da contribuição do povo negro na construção de nossos costumes, culinária, música, dança, arte e artesanato.
Nós, mineiros, ainda somos reconhecidos como povo hospitaleiro, do cafézinho com pão de queijo, das quitandas, bons papos, um povo que gosta de visita e não aceita desfeita. Do ponto de vista afroturístico, temos uma diversidade imensa de experiências para proporcionar ao viajante, visitante e turista. Nossa história e as pessoas que vivem aqui são nossa maior riqueza.
Andreia de Jesus (PT) é deputada estadual e presidenta da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais
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Leia outros artigos de Andreia de Jesus em sua coluna no jornal Brasil de Fato MG
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Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal.
Edição: Leonardo Fernandes