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Editorial | Reforma agrária popular, para o Brasil alimentar e prosperar

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Divulgação MST - Imagem
Brasil tem um conflito no campo a cada 4 horas

No mês de abril trazemos à memória um dos episódios mais sangrentos da história das lutas populares em nosso país. Em 17 de abril de 1996, 21 camponeses sem terra foram brutalmente assassinados e outros 79 ficaram feridos na ação da Polícia Militar do Pará que ficou conhecida como Massacre de Eldorado dos Carajás. Na ocasião, cerca de 1.500 pessoas estavam acampadas na região conhecida como “curva do S”, com o objetivo de marchar até a capital Belém para reivindicar a desapropriação de uma terra improdutiva que era ocupada por 3.500 famílias de trabalhadores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

As famílias, que marchavam desde o dia 10 de abril, foram surpreendidas no dia 17 por um ataque que envolveu nada menos que 155 policiais. Dos 21 mortos, 8 foram mutilados com seus próprios instrumentos de trabalho, como foices e facões, e os outros 11 alvejados com tiros à queima roupa. 

A questão fundiária segue sendo uma chaga aberta no Brasil, onde apenas 1% dos proprietários concentra 50% das áreas rurais, nos colocando como o país com um dos maiores níveis de concentração fundiária do planeta.

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A consolidação do agronegócio como modelo hegemônico de produção no campo aprofunda essas desigualdades ao ocupar vastas extensões de terras para a produção de commodities agrícolas para exportação, empregando pouquíssima mão de obra. Não por acaso se registra no Brasil um conflito no campo a cada 4 horas. Em 2022, foram 2.018 casos de conflitos envolvendo quase 1 milhão de pessoas entre camponeses, comunidades tradicionais e povos indígenas, em 80 milhões de hectares em disputa, segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

As consequências desse modelo, contudo, não são sentidas apenas no campo.

Em 2022, ano em que o Brasil registrou safras recorde de soja e milho, foi o mesmo ano em que se registrou a menor área plantada de feijão da história. Naquele ano, as áreas plantadas de arroz, feijão e mandioca haviam registrado o décimo ano consecutivo de redução. No mesmo período, o preço da cesta básica de alimentos registrada pelo DIEESE teve alta de 159%, enquanto a inflação nos mesmos 10 anos foi de 91%.

A tendência de redução da área plantada de alimentos foi revertida apenas em 2023, com a retomada, já no governo Lula, de políticas como as compras públicas de alimentos e garantia de preços mínimos ao produtor.

Neste ano, o lema da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, organizada pelos movimentos populares em memória do massacre de Eldorado do Carajás, tem como lema “Ocupar para o Brasil Alimentar”. Uma Reforma Agrária Popular no Brasil é por justiça no campo e para assegurar a provisão de alimentos para a população no campo e na cidade e a sustentabilidade social e ambiental da produção agrícola em todo o país.

 

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Edição: Elis Almeida