O acúmulo de interrupções, ofensas e constrangimentos sofrido na Câmara Municipal de Juiz de Fora fez com que a vereadora Laiz Perrut (PT) apresentasse uma denúncia contra o vereador bolsonarista Sargento Mello Casal (PL) ao Ministério Público Federal (MPF), na última terça-feira (30). O documento comprova uma série de violências políticas de gênero cometidas pelo parlamentar cotidianamente no plenário legislativo e nas redes sociais.
“Desde o início do meu mandato, nesses últimos três anos e meio, a gente vem suportando muitas dessas questões, mas é importante entender quando extrapola os limites do individual. O que esse vereador faz comigo, faz com todas as mulheres. A violência política de gênero serve para acabar com a presença das mulheres na política e para dizer que este espaço não é nosso”, denunciou Laiz em vídeo anunciando a medida tomada.
Estratégia de comunicação violenta
Além de declarações públicas em sessões ordinárias ou audiências na Câmara Municipal de Juiz de Fora, o vereador do PL utiliza as redes sociais para publicar materiais gráficos e conteúdos audiovisuais ridicularizando Laiz Perrut. A estética, como de costume em páginas da direita bolsonarista, mina a imagem pública da petista, se utilizando de símbolos que reforçam intenções misóginas e estereótipos de gênero.
“Quando tem mais de 20 vídeos me ridicularizando numa rede social, isso também afeta outras mulheres que estão ousando estar na política. Não é sobre mim, é sobre nós e o nosso espaço na política. É por isso que a gente não pode validar e naturalizar esse discurso machista”, acrescentou Laiz Perrut, uma das quatro mulheres que ocupam o cargo legislativo, entre outros 15 homens, na Câmara Municipal de Juiz de Fora.
Histórico de discursos de ódio
Não é a primeira vez que o vereador denunciado é protagonista em episódios de incitação à violência. Em 2021, no ápice da pandemia de covid-19, o parlamentar ex-PTB transmitiu uma live com o líder do mesmo partido e ex-deputado federal, Roberto Jefferson, defendendo a desobediência civil e a violência contra guardas municipais que atuavam pelo cumprimento de decretos municipais que determinaram restrições de atividades de comércio e serviços como medida de enfrentamento à pandemia do coronavírus.
Desde janeiro de 2021, Juiz de Fora é administrada por uma mulher, a prefeita Margarida Salomão (PT), que também tem sido alvo constante do parlamentar bolsonarista.
Outro lado
O Brasil de Fato MG entrou em contato com a assessoria do vereador Sargento Mello Casal mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.
Edição: Leonardo Fernandes