É preciso que haja maior colaboração entre poder público e instituições de ciência e tecnologia
O Brasil é um imenso território, e sua compreensão não é coisa para principiante. Nos 5.568 municípios do país, vive uma imensa população humana, constituída por mais de 215 milhões de pessoas, e outras populações de grande relevo e importância para nossos territórios. Para garantir o bem-estar de todas estas populações, cujos destinos estão umbilicalmente ligados, é preciso que o Estado desenvolva políticas públicas e também que as pessoas e organizações da sociedade civil cumpram suas partes.
A estrutura de Estado mais próxima da população é, sem dúvida, as prefeituras e câmaras municipais. São elas as responsáveis, em boa parte, por garantir que as políticas e ações em benefício de todas as populações que habitam os territórios sejam devidamente efetivadas. Daí, a importância da escolha daqueles e daquelas que vão nos representar na direção das prefeituras e nos parlamentos municipais em todo o Brasil.
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As eleições de 2024 abrem a possibilidade de caminharmos na direção de um país mais igualitário, sem violência, racismo, homofobia e com a garantia de bem-estar para todas as pessoas e as demais populações que habitam esta parte do planeta. Para isso, é preciso escolhermos pessoas que tenham compromisso com esse ideário e que, uma vez nas prefeituras e câmaras municipais, não percam o laço com as populações que as elegeram. Mas não basta isto!
É preciso que haja o compromisso dos candidatos com os povos tradicionais, quilombolas, movimentos sociais, grupos educativos-culturais etc, que atuam nos territórios, e neles, promovem, com suas práticas e saberes, a vida e o bem-estar, assim como o desenvolvimento econômico e social sustentável. Esse compromisso devemos cobrar de todos aqueles que reivindicam nosso voto e nosso apoio.
A disputa se dá no território
De outra parte, num mundo cada vez mais conduzido a partir das ciências e das tecnologias as mais diversas, e em que tais ciências e tecnologias têm contribuído, tanto para melhorar nossas vidas como para destruir as boas relações entre as pessoas e o planeta, é preciso que as pessoas que ocupam esses cargos se atentem para a importância das instituições de ciência e tecnologia produzidas nos territórios e os impactos positivos ou negativos para essas populações.
As instituições de ciência e tecnologia disseminadas pelos territórios, e amplamente interiorizadas nas últimas décadas, podem colaborar com as prefeituras e com as câmaras municipais das mais diversas formas. Aliás, nunca é demais informar que, em muitos municípios brasileiros, tais instituições representam um vetor fundamental de educação e desenvolvimento econômico e social, tendo, inclusive, consideráveis impactos financeiros nas regiões onde atuam.
Ciência e tecnologia como vetor de transformação
Contra o obscurantismo e as políticas de morte estabelecidas por muitas prefeituras e câmaras municipais nos últimos anos, é preciso que haja uma maior colaboração entre o poder público e as instituições de ciência e tecnologia que atuam nos territórios, assim como com os coletivos que trabalham em defesa da vida e do bem-estar das populações. Esse diálogo poderia possibilitar o desenvolvimento de políticas públicas amparadas nos conhecimentos científicos e nos saberes produzidos pelos povos tradicionais.
Tal ação, é evidente, não garante uma administração pública sem conflito ou totalmente exitosa, já que nem sempre as forças políticas que atuam nos territórios almejam o bem-estar de todas as populações. Mas estabelecer o diálogo é a única forma de aproveitar o melhor de nossos conhecimentos e, ao mesmo tempo, evitar que os conflitos descambem para a violência e a morte.
Promover ações nesta direção, por certo, é muito mais o papel da política e das pessoas que dela se ocupam, do que da polícia. Esta última, educada e armada para matar pessoas pretas, pobres e, muitas vezes, inocentes.
Aurélio Alves Ferreira é doutor em Filosofia e professor do IFMG. Publicou recentemente o artigo científico: Fapemig e as ICT&Is de Minas Gerais: Qual projeto de desenvolvimento? https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/43432
Luciano Mendes de Faria Filho é pedagogo e doutor em Educação e professor titular da UFMG. Publicou, dentre outros, “Uma brasiliana para a América Hispânica – a editora Fondo de Cultura Econômica e a intelectualidade brasileira” (Paco Editorial, 2021).
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Leia outros artigos sobre educação e literatura na coluna Cidades das letras: Literatura e Educação no Brasil de Fato MG
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Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal
Edição: Leonardo Fernandes