Ditaduras foram impostas para garantir interesses empresariais
Chamou-se concerto das nações, o ideal utópico de paz, que se desenvolveu após a Primeira Guerra Mundial (1924-1918). Buscou-se simbolizar esse ideal pelo concerto musical. Neste, um solista instrumentista executa a melodia com predominância, enquanto os demais componentes da orquestra cuidam da harmonia.
Porém, entre as nações, jamais houve a pretendida paz e harmonia de forma perene. Em 1919, o Tratado de Versalhes, elaborado pelas nações vencedoras da primeira guerra mundial, criou a Liga das Nações e um acordo de paz. Mal havia sido criado esse organismo, começam os desconcertos.
EUA, Inglaterra, URSS e Alemanha
As quatro potências mundiais, EUA, Inglaterra, URSS e Alemanha não assinaram o acordo de paz. O interesse delas era manter o domínio sobre as antigas colônias da Ásia, África e América Latina. A África do Sul, por exemplo, só se independeu da Inglaterra em 1931, mas a nação só se efetivou com a eleição de Nelson Mandela em 1994. As antigas colônias inglesas são até hoje parte do chamado Reino Unido.
Os países hegemônicos vencedores da primeira guerra mundial continuaram expandindo seus impérios.
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A Alemanha difundiu a concepção ideológica da eugenia, que pretendia impor o conceito de que a raça branca é superior as demais e que sempre será mais forte e, com isso, dominar a maior parte da África.
Os EUA criaram a doutrina Monroe na qual proibia a interferência europeia na América Latina e com isso exercia o domínio imperialista sobre todo o continente.
A Inglaterra, usando seu poderio bélico dominava a China, impondo seus produtos industriais, incluindo drogas ilícitas, e obtendo matéria prima para sua indústria.
A URSS, a partir de 1922, foi ocupando parte do Leste Europeu, Centro e Norte da Ásia, tendo aí, farta matéria prima e mercado para seus produtos.
No período entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial foram muitos os regimes ditatoriais na Europa, África, Ásia e América Latina que facilitaram a dominação das superpotências.
Ditaduras
No Brasil, a Ditadura Militar de 1964 a 1985 atendeu aos interesses dos EUA no sentido de impedir que o país passasse para a esfera da União Soviética. Para tal, os dirigentes ultrapassaram todos os limites: culturais, legais, humanísticos, direitos internacionais e, a ferro e fogo, impuseram a ordem por eles estabelecida. Como uma metástase, as ditaduras se espalharam pela América Latina.
Durante o regime militar as empresas multinacionais impunham condição ao governo brasileiro no sentido de não permitir ação de sindicatos de trabalhadores e exigir segurança máxima para as empresas. A isenção de tributos, na forma de incentivo fiscal, foi outro privilégio concedido às empresas estrangeiras durante o vigor do Ato Institucional número 5.
Houve um crescimento do PIB, o que aqueles governantes chamaram de milagre brasileiro, mas, na verdade, só beneficiou aos proprietários dos meios de produção. A dívida de U$91 bilhões com o FMI aumentou a dependência do Brasil aos EUA.
Com a proteção do governo, aumentaram-se os latifúndios e com a mecanização das lavouras, massas de populações do meio rural migraram para as periferias das cidades; sobrevivendo sem meios certos de ganhar a vida; sem escolas e sem saúde pública, de vez que não existia o Sistema Único de Saúde (SUS). Foi nesse contexto que surgiram as quadrilhas de crimes organizados.
A ditadura militar pregava um patriotismo vazio, enquanto discriminava e massacrava grande parte da nação brasileira. Foi para isso que todas as ditaduras do século XX serviram.
Antônio de Paiva Moura é professor de História, aposentado da UEMG e UNI-BH. Mestre em História pela PUC-RS
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Leia outros artigos de Antônio de Paiva Moura em sua coluna no Brasil de Fato MG
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Este é um artigo de opinião, a visão do autor não necessariamente representa a linha editorial do jornal.
Edição: Elis Almeida