A verdade está bem à nossa frente, basta esticar o braço e alcançá-la
O debate sobre o comunismo no mundo empresarial é frequentemente carregado de preconceitos. E sempre que há um avanço da esquerda, a direita usa o medo como principal ferramenta de persuasão. “O comunismo fechará as empresas” e consequentemente, “as pessoas perderão os seus empregos”, são algumas das falácias mais propagadas. A verdade está bem à nossa frente, basta esticar o braço e alcançá-la.
Mas qual verdade? Ora, o que, de fato, ameaça os empregos e as empresas é o próprio capitalismo, que sutilmente vai dominando a economia dos locais mais remotos, chegando lentamente, sem que ninguém perceba. Mas quando nos dermos conta, será tarde demais.
É irônico ver donos de pequenos supermercados, farmácias e pequenas lojas do interior se denominando de direita. “Conservadores nos costumes e liberais na economia”, investem seus recursos espirituais e materiais na extrema-direita. Não percebem que são exatamente essa direita que avança para o fim das pequenas empresas.
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Um exemplo prático são duas gigantes do e-commerce, a Amazon e o Mercado Livre. Hoje, há itens do dia-a-dia que são muito mais baratos nessas lojas virtuais do que no comércio local, mesmo incluindo os custos com frete.
Como são empresas gigantescas, elas adquirem muito mais produtos por preços bem menores, montam suas próprias empresas de logística para realização de entregas, atrelam outros serviços às vendas para dar a sensação de “vantagens” ao consumidor, tornando-se concorrentes desleais no comércio do interior.
O Mercado Livre já possui a opção supermercado, onde é possível comprar arroz, feijão, óleo, produtos de limpeza e higiene pessoal. Tudo do conforto de casa, com uma variedade bem maior do que a maioria dos supermercados que a população do interior tem acesso.
O mesmo vale para o Amazon. Ambas possuem um plano de assinatura mensal onde o cliente tem acesso a streamings e, com isso, o benefício de frete grátis em grande parte das compras, tornando mais atrativo para a captação e fidelização dos clientes.
Hoje, esse efeito de compras virtuais pode ainda não ser percebido pelo comércio local, mas sabemos que o capitalista de verdade não quer concorrência e fará de tudo para conquistar esse mercado, levando nossos comerciantes locais à falência. E no final, ainda terão a pachorra de afirmar: “o comunismo fechou minha empresa”. O que a falta de consciência de classe não faz?
Ediel Vieira Rangel é mestre em tecnologia e pesquisador sobre tecnologia e alienação da classe trabalhadora.
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Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal.
Edição: Leonardo Fernandes