Acompanhamento psicossocial e indenizações são algumas das reivindicações de mulheres que perderam seus filhos em função da violência do Estado. O assunto foi tema de um seminário, que aconteceu nesta sexta-feira (14), no Centro de Referência da Juventude (CRJ), em Belo Horizonte, e contou com a participação da ministra da Igualdade Racial do Brasil, Anielle Franco.
“Quando mataram meu filho, eu caí em depressão. A violência acontece no município, no estado e nacionalmente. Todas as três esferas têm culpa pelo genocídio de nossos filhos. O que produz isso é a violência policial. Nós precisamos de tratamento psicológico e reparação econômica e social. Isso é o mínimo”, disse Débora Maria Silva, fundadora da organização Mães de Maio, de São Paulo, durante a roda de conversa.
A mesa de debate faz parte da programação do Encontro Nacional de Redes de Mães e Familiares de Vítimas da Violência do Estado, que termina no domingo (19), com um “ato público de luto e luta”, em frente à prefeitura da capital mineira. O evento é promovido pela Agência de Iniciativas Cidadãs (AIC), em parceria com Movimento Independente Mães de Maio, Mães de Maio Minas Gerais e Rede Mães de Luta.
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Além de Anielle Franco, o encontro também contou com a presença da reitora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Sandra Goulart, da deputada estadual Andreia de Jesus (PT), da ex-deputada federal e diretora da ONG Nossas, Áurea Carolina, e das representantes do movimento de mães nos estados de São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Ceará e Rio de Janeiro.
A articulação, formada majoritariamente por mulheres negras, começou após o episódio que ficou conhecido como “crimes de maio”, em São Paulo. Há 18 anos, de 12 a 21 de maio de 2006, aproximadamente 500 pessoas, principalmente jovens negros e periféricos, foram executadas por policiais com e sem farda.
Racismo mata
Dados do Atlas da Violência 2023, publicado em dezembro do ano passado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, indicaram que, em 2021, o Brasil atingiu a maior proporção de pessoas negras assassinadas em comparação com os 11 anos anteriores. Naquele ano, 78,5%, ou seja, aproximadamente oito em cada dez vítimas de homicídio eram negras.
“Eu acredito em um projeto político de país onde a gente consiga sobreviver, onde a gente possa olhar para as mães de favelas e periferias e dizer que nenhum de nós mais será tombado. Esse é o projeto político que defendo todos os dias”, comentou Anielle Franco, ao destacar a necessidade de superar esse cenário.
Edição: Leonardo Fernandes