Mesmo em meio a protestos de servidores de diversas categorias do funcionalismo público, na manhã desta quarta-feira (29), foi aprovado em primeiro turno pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) o projeto de lei (PL) de Romeu Zema (Novo) que oferece reajuste salarial de apenas 3,62% aos servidores do estado.
As categorias denunciam que a proposta sequer recompõe as perdas inflacionárias do último período. Em declarações à imprensa, o governador argumenta que o Estado está com recursos limitados. Porém, em maio do ano passado, Romeu Zema aumentou o próprio salário e o de seu secretariado, com o aval da ALMG, em quase 300%.
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Nas redes sociais, parlamentares do bloco de oposição ao governo criticaram o resultado da votação.
“Imagina você, trabalhador ou trabalhadora, que há 7 anos não tem o salário reajustado nem para recompor perdas inflacionárias ver o ‘patrão’ dar a si mesmo 300% de aumento e depois querer dar 3,62% de reajuste para os trabalhadores. O ‘patrão’, no caso, se chama governador Zema”, indagou a deputada Leninha (PT), nas redes sociais.
Governo freia votação de emendas
Após o PL ser aprovado, seria o momento de apreciar as propostas de emendas ao projeto. Porém, a base do governador se retirou do plenário e impediu a votação. Uma das emendas apresentadas, assinada por mais de 30 deputados, permitia a ampliação do índice de reajuste para 10,67%.
Para a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), a estratégia adotada pelos parlamentares que apoiam o governo indica a possibilidade dos servidores conseguirem melhorar a proposta de reajuste.
“O governo ia perder na votação das emendas e, por isso, retirou o quórum de deputados presentes em plenário, para impedir que fosse dada sequência à votação. Qual é a lição disso? Podemos ganhar no voto. Então, precisamos intensificar a mobilização”, afirmou, nas redes sociais.
Na próxima segunda-feira (3), o PL deve entrar novamente em pauta, em reunião extraordinária, para votação das emendas.
Servidores da educação podem entrar de greve
No pátio da ALMG também estavam presentes de forma massiva os trabalhadores da rede pública da educação, que se mobilizaram para acompanhar a votação, com o indicativo de greve.
Segundo o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (SindUte), embora o piso salarial nacional em 2024 seja de R$ 4.580,57, o valor básico praticado pelo governo de MG para professores em início de carreira é de R$ 2.652,29, ou seja, uma defasagem salarial de R$ 1.928,28.
A entidade também afirma que trabalhadores que atuam em outros serviços escolares, como limpeza e manutenção, cozinheiras e cantineiras, recebem menos de um salário mínimo.
A decisão sobre o estado de greve será tomada após a apreciação das emendas da oposição na próxima semana.
Edição: Leonardo Fernandes