Em defesa das águas e da vida, a 5ª Romaria da Arquidiocese de Belo Horizonte pela Ecologia Integral será realizada neste sábado (8), de 7h30 às 13h, na sub-bacia do Córrego Bom Jesus, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
A mobilização, promovida pela Vicariato Episcopal para Ação Social, Política e Ambiental (Veaspam) da Arquidiocese de BH, é um convite para que fiéis percorram as margens do córrego para observar o curso d’água que sobrevive em meio a desmatamentos, poluição, descarte irregular de lixo e construções.
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Ambientalistas questionam empreendimento
Associações, coletivos e movimentos populares e ambientais já denunciaram possíveis irregularidades na construção de um complexo residencial próximo ao córrego. O que resultou, inclusive, na criação de um abaixo-assinado. Segundo moradores, a obra soterrou nascentes. O projeto, da construtora Direcional, prevê a construção de 18 prédios e mais de 280 apartamentos.
No documento, que requisita à Prefeitura de Contagem e ao Ministério Público o embargo da obra, há também um pedido de revisão do projeto, que, segundo as 52 entidades que assinam o termo, se localiza em uma Área de Proteção Permanente (APP).
Estudos comprovam relevância do córrego
Recentemente, um estudo elaborado por professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) detalhou que o espaço apresenta grande diversidade de feições que afetam a circulação hídrica. O documento também identificou a ocorrência de uma provável nascente difusa, associada a um extenso brejo localizado à esquerda do córrego Bom Jesus.
“Mesmo que todas as áreas avaliadas não tenham sido enquadradas como nascentes ou olhos d’água, reitera-se a importância dos brejos (áreas úmidas) para a manutenção da qualidade/quantidade de água, redução da intensidade e frequência de cheias e enchentes e funcionamento como habitat para a fauna e flora local”, ressaltou o documento.
Em janeiro deste ano, um relatório elaborado pelo Projeto Manuelzão, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pelo Instituto Guaicuy e pelo Instituto Diadorim detalhou a relevância socioambiental da região.
Segundo o documento, a bacia é fundamental para o sistema de drenagem sem impermeabilização do solo. Portanto, permitir que seja ocupado envolve pensar em obras futuras de reparação, pois utilizar tais áreas envolve riscos para o próprio empreendimento.
Outro lado
A construtora Direcional informou ao Brasil de Fato MG que a obra é regularizada e passou por um longo processo de licenciamento. Além disso, afirmou que possui as devidas licenças, como o alvará de construção e documentos necessários emitidos pela Prefeitura Municipal de Contagem.
A empresa também reforçou que trabalha dentro das normas técnicas e ambientais exigidas e não faz qualquer intervenção na APP do Córrego Bom Jesus.
Edição: Leonardo Fernandes