Extrema direita usa das eleições para corroer democracia
Pode parecer contraditório, mas a extrema-direita em todo o mundo tem encontrado justamente nas eleições democráticas terreno fértil para se consolidar como força viva e em luta pela destruição de direitos e liberdades democráticas.
As eleições da vez são as para o Parlamento Europeu, ocorridas no último fim de semana, nas quais a extrema-direita cresceu. Essa aparente contradição, em que a democracia representativa pavimenta o avanço de forças antidemocráticas, pode ser compreendida ao observarmos que, o direito ao voto nunca foi suficiente para barrar a ofensiva neoliberal.
Essa ofensiva se abateu sobre a gestão dos Estados e da vida social em todo o mundo nas últimas décadas.
O neoliberalismo, um paradigma econômico, se baseia na privatização dos bens públicos e comuns, aumentando o custo de vida. E de outo lado, se baseia na desmoralização das ferramentas de organização popular, como sindicatos e movimentos, na exaustão da natureza e na destruição dos direitos sociais.
Como resultado, o aumento da desigualdade, pobreza e um número sem precedentes de refugiados de guerras, desastres socioambientais e conflitos territoriais. Com um presente destroçado, sem referências de coletividade e sem perspectiva de futuro, parte da população se torna vulnerável a discursos simplistas. Esses discursos culpabilizam espantalhos e não apresentam soluções viáveis a problemas reais.
No Brasil, nas eleições presidenciais de 2022, graças à referência de Lula, pudemos conquistar uma vitória moral e política sobre a extrema-direita. O que nos favorece nessa dura batalha civilizatória.
Eleições municipais de 2024
Em 2024, Minas Gerais será palco de um dos mais importantes capítulos dessa disputa. A capital mineira é uma das cidades mais importantes onde as forças democráticas e populares, se unificadas, têm chances reais na disputa à prefeitura.
Contudo, a própria experiência do governo Lula tem evidenciado que a vitória eleitoral é insuficiente para produzir a reconstrução radical da vida em sociedade de que precisamos.
Para isso, precisamos aproveitar o momento eleitoral para pensar mais além. Ter um programa factível, mas não fugir à disputa de projeto.
Ouvir ativamente e incorporar as demandas e anseios da população, e não querer impor saídas prontas aos problemas que acreditamos ser mais importantes.
Sobretudo, por meio da escuta e da contribuição na luta cotidiana dos nossos milhões de excluídos, reconstruir vínculos duradouros com a parcela mais vulnerável do nosso povo, contribuindo para a organização popular e promovendo espaços de coletividade.
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Edição: Elis Almeida