Minas Gerais

SUCATEAMENTO

Romeu Zema não negocia e docentes da UEMG ultrapassam 50 dias em greve

Na quarta-feira (26), categoria faz protesto em frente à Cidade Administrativa

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
Foto - - Luiz Santana/ALMG

Com adesão de 80% da categoria, greve dos docentes da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) ultrapassa 50 dias.  A mobilização começou em abril e cerca de 19 das 22 unidades acadêmicas da instituição estão paralisadas. Os professores denunciam os baixos salários e pedem que o governador cumpra o Acordo de Greve conquistado em 2016. Porém, segundo os grevistas, Romeu Zema (Novo) não quer negociar. 

Nesta quarta-feira (26), a partir das 10h, um protesto acontece na Cidade Administrativa, sede do governo, para pressionar o avanço das negociações. Túlio Lopes, presidente da Associação dos Docentes da UEMG (ADUEMG), destaca que a greve está forte e mobilizada. 

“Diversas pautas já foram apresentadas e a categoria cobra do governo Zema o atendimento de suas reivindicações. Seguiremos na luta permanentemente em defesa da universidade pública, popular, gratuita e de qualidade”, comenta.

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Além da valorização salarial, a categoria também reivindica o respeito à autonomia universitária, alteração do regime de trabalho de 20h para 40h com direito à dedicação exclusiva, garantia de pagamento por titulação aos docentes contratados, recomposição orçamentária e  realização de concursos públicos. 

Sucateamento

Presente em 19 municípios mineiros e considerada fundamental para a interiorização do acesso ao ensino superior público e para o desenvolvimento econômico e social do estado, a UEMG passa por um processo de desvalorização de seus servidores e de cortes orçamentários. 

Com mais de 70% de defasagem salarial, os professores da instituição recebem um dos salários mais baixos do país, em comparação com seus pares de outras universidades estaduais. 

:: Leia também: Governo Zema não negocia e professores da UEMG deflagram greve ::

“A greve chegou em um momento que realmente não tínhamos mais condições de continuar do jeito que está. Temos professores com 20 horas na universidade, que são doutores, que recebem menos que um salário mínimo. O orçamento foi cortado. A universidade cresceu e, ao invés do orçamento crescer proporcionalmente, ele está sendo a cada ano cortado”, lamenta Cristiana Fonseca, professora da Faculdade de Educação da UEMG. 

Desde o ano passado, a Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) já realizou uma série de audiências públicas sobre a situação da universidade. Beatriz Cerqueira (PT), deputada que preside o grupo, destacou nas redes sociais que a defesa da instituição é fundamental. 

“A UEMG vale a luta. Lutar pela UEMG e pela valorização dos seus docentes é tarefa de todos nós”, disse.

:: Relembre: Zema não cumpre acordo e docentes da Uemg deflagram greve por tempo indeterminado ::

Já a deputada Lohanna França (PV) comparou, em reunião de plenário no mês passado, a trajetória profissional do governador com as trajetórias dos professores da universidade. 

“O Zema é um herdeiro e não há mérito em ser herdeiro. Eu duvido muito de que ele passaria no concurso que vocês passaram. Eu duvido muito de que ele daria conta de sentar e estudar para tirar as notas que vocês tiraram, para passar pelo estágio probatório, para ter o mestrado e o doutorado que os nossos professores da Uemg têm”, questionou. 

Luta é por dignidade

Diante desse cenário, Sheyla Ribeiro, docente da unidade de Divinópolis, enfatiza que, antes de tudo, a greve é por dignidade. 

“Que a gente possa manter a nossa vida funcionando, ter dinheiro para comprar nossos livros, para participar de eventos, para manter a nossa vida dignamente. Estamos falando de uma greve que começa pela dignidade. Nós temos 10 anos de trabalho sem aumento real salarial. O que tivemos até agora foram algumas pequenas reposições, mas que não tornam nosso salário digno de sobrevivência”, explica. 

 

Edição: Lucas Wilker