“Belo Horizonte tem uma série de problemas crônicos”. Essa afirmação tem sido uma constante entre os moradores da cidade que, entre desafios com mobilidade urbana, saúde e educação, acreditam que a capital pode ser bem diferente do que é atualmente.
Em 2024, o Brasil inteiro se prepara para as eleições municipais, que vão definir quem assume a liderança das prefeituras e das câmaras de vereadores.
Para o ano que vem, o projeto da Lei das Diretrizes Orçamentárias (LDO) 2025 prevê cerca de R$18 bilhões para o orçamento de BH.
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O Brasil de Fato MG resolveu perguntar a alguns moradores, de diferentes localidades da cidade: o que você faria se fosse prefeito ou prefeita? Quais devem ser as prioridades do próximo gestor ou gestora que assumir a prefeitura? Quais desafios precisam ser superados?
Infraestrutura e saúde
A pedagoga Eliete Santos, de 52 anos, moradora do bairro Céu Azul, na região da Pampulha, planejaria estratégias de infraestrutura nos bairros de periferia, pensaria em valores mais justos para o pagamento da taxa de Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) no caso de populações periféricas e, sobretudo, melhoraria o atendimento nos postos de saúde.
“Foram construídos bons espaços, porém não possuem profissionais suficientes para um bom atendimento. Melhoraria o sistema de marcação de consultas com especialistas, pois nos últimos meses essas demandas têm aumentado, crescendo a fila de espera”, sinalizou.
Segundo ela, a prefeitura também deve planejar melhorias específicas para a educação, com escolas mais estruturadas.
Esse tema também seria uma prioridade para o estudante Wesley da Silva Ferreira, de 20 anos, morador do bairro Ventosa, na região Oeste da capital.
“Eu acho que a primeira coisa que a gente tem que pensar é em investir no nosso futuro e a melhor forma é educando. Um primeiro investimento seria trazer novos métodos de ensino”, argumentou.
Segurança e transporte público
Aposentada, Jacinta Sebastiana, de 67 anos, mora no bairro Jaqueline, na região Norte da capital, e, para ela, um dos grandes desafios é a segurança pública.
“A cidade está muito violenta, se igualando às grandes cidades, como o Rio de Janeiro. Está muito difícil de andar”, lamentou.
O transporte público, segundo ela, também tem sido um problema constante, com horários que não abarcam a demanda dos usuários, superlotação e grandes filas. A moradora criticou, também, o subsídio dado às empresas de ônibus da cidade.
Em 2023, após a aprovação na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) do projeto de lei (PL) 538/2023, a cidade ofereceu um subsídio de R$512 milhões para os consórcios que operam o transporte público. A expectativa da população era que o preço da passagem diminuísse, mas, atualmente, a tarifa é de R$5,30.
“Está tudo ruim, não tem horário. Demora. Então se fala: ‘domingo é dia de sair com a família’. Sair de que jeito? Ficamos uma ou duas horas esperando o ônibus”, ressaltou.
Investimento a longo prazo
O contador Rodrigo Barbosa, de 35 anos, mora no bairro Coqueiros, região Noroeste de BH, e acredita que a cidade precisa priorizar a construção de um plano diretor de médio e longo prazo.
“Infelizmente, nós temos uma cultura na qual os investimentos são feitos a curto prazo, muitas vezes para aquilo ficar como uma referência para uma reeleição, ou muitas vezes para se manter no poder, mas como estaremos daqui a 5, 10, 20 anos?”, questionou.
Ele acredita que a mobilidade é outro problema. Rodrigo cita, por exemplo, as dificuldades de acesso ao aeroporto.
“Isso dificulta muito os negócios. O aeroporto de Confins tinha potencial, em termos de espaço e localização, de ser um grande porto seco, para receber grandes importações e servir como ponto de exportação pelo modal aéreo”, explica.
Rodrigo investiria em obras viárias, para melhorar a qualidade de vida dos moradores, com diminuição no tempo de retorno para casa, uma vez que o metrô, segundo ele, tem sido extremamente sucateado.
Prevenção aos desastres naturais
Moradora do Nova Gameleira, na região Oeste, a programadora Érica Rodrigues, de 30 anos, pontua como essenciais as estratégias de prevenção em relação aos períodos de chuva e a observação das questões ambientais.
“Esse assunto deveria ser um ponto chave de investimento, porque a gente sabe como fica BH nos períodos de chuva, que têm sido cada vez mais intensos. A cidade cresceu de forma desorganizada e mal planejada em relação a isso. Eu tenho certeza que isso deve ser prioridade”, chamou a atenção.
Érica também ampliaria a fiscalização da atividade minerária ao redor da cidade e, em especial, criaria um plano contra os desastres naturais.
“A gente já passou por vários desafios e sabemos que quem sofre mais é o povo pobre e periférico, que está vivendo em situações de vulnerabilidade e risco”, apontou.
No tema da educação, a programadora reforça a importância da alfabetização e capacitação de crianças no ensino básico e da ampliação de vagas nas creches, que coloca um desafio cotidiano ainda maior para as mulheres.
Para o transporte público, Érica defendeu a criação de um sistema de tarifa zero em Belo Horizonte.
Edição: Ana Carolina Vasconcelos