Minas Gerais

SAÚDE PÚBLICA

Pesquisadora da UFMG realiza oficina de atendimento humanizado a mulheres que passaram por aborto

Norma que regulamentava o atendimento foi extinta pelo governo de Jair Bolsonaro

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
Foto: Marcelo Camargo - Reprodução / Agência Brasil

Humanizar o atendimento a mulheres que passaram pelo processo de aborto. Essa é a proposta da oficina “Decidir bem cuidada: estratégias de humanização da assistência à saúde reprodutiva”, ofertada pela doula, antropóloga e pesquisadora do campo de direitos sexuais e reprodutivos na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Thais Teles Rocha, em parceria com a antropóloga Ariana Oliveira, a cientista social Juliana Wahl e a doula Luiza Vieira. 

A formação, apoiada e financiada pela ONG Crioula, é gratuita e voltada para profissionais e  estudantes do campo da saúde, pesquisadoras e ativistas pela justiça reprodutiva no Brasil e acontece neste sábado (29) e domingo (30), das 14 às 17 horas, pela plataforma Google Meet. As inscrições devem ser feitas clicando aqui.

Importância da pauta

Segundo Thais, a ideia da oficina surgiu ao ver, no próprio trabalho como doula no Sistema Único de Saúde (SUS), mulheres que eram maltratadas ou ignoradas após passarem pelo abortamento.

“‘Não precisa ir lá não que essa daí é curé [curetagem]’, ouvi de uma profissional que coordenava meu estágio voluntário quando fiz a formação de doula. Ela me disse que eu não precisava oferecer assistência a uma mulher que tinha acabado de passar por um abortamento", contou ao Brasil de Fato MG. 

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Segundo a pesquisadora, a doula é uma profissional de saúde habilitada para o cuidado em todo o período gestacional, o que inclui o parto e o pós-parto. 

“Toda gestação pode resultar em aborto. É um evento possível e cotidiano no percurso reprodutivo, que precisa ser despenalizado no discurso público”, argumenta. 

Aborto e política

Revogada em 2022 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, a Norma Técnica de Atenção Humanizada ao Abortamento, do Ministério da Saúde, servia como um guia para apoiar profissionais e serviços de saúde a introduzir novas abordagens no acolhimento e na atenção às necessidades das mulheres. 

Segundo uma cartilha da própria pasta, a norma é um reconhecimento do governo brasileiro à realidade de que o aborto realizado em condições inseguras é importante e causa morte materna. 

Segundo Thais, a revogação do documento diz sobre o modelo de humanização que o país segue atualmente, que precisa ser questionado. 

Atualmente, aliados de Bolsonaro querem aprovar o PL 1940, chamado de PL do estupro, que impõe pena maior a mulheres vítimas de estupro que abortarem após às 22 semanas do que para estupradores. 
 

Edição: Lucas Wilker