Minas Gerais

RETROCESSO

BH: saiba quem foram os vereadores que votaram a favor da exposição de dados sobre aborto legal

Município terá que emitir relatórios sobre os procedimentos; perseguição às vítimas de estupro pode aumentar

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
Foto - - Paulo Pinto/Agencia Brasil

A Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) derrubou, na segunda-feira (1º), o veto parcial do prefeito Fuad Noman (PSD) à Lei 11.693/2024, que o obriga o município a emitir relatórios mensais sobre abortos legais realizados na capital mineira. 

A nova regra exige que as instituições hospitalares que realizarem procedimentos de aborto legal comunique à Secretaria Municipal de Saúde, informando a motivação da interrupção da gravidez, a faixa etária e a raça da paciente. 

Vereadores do PT e do PSOL criticam a decisão e dizem que vão acionar a Justiça para que a medida não seja efetivada. Os parlamentares das siglas acreditam que a exposição dos dados pode incitar perseguições contra mulheres que têm direito ao aborto legal. 

Retrocesso

Na avaliação da vereadora Cida Falabella (PSOL), a medida representa um retrocesso na legislação, que já é limitada. No Brasil, o aborto é permitido em apenas três situações: situações de violência sexual,  risco a vida da gestante e feto com má formação do cérebro.

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“Apesar dos esforços reunidos, em que entidades elaboraram documentos qualificados e abaixo-assinados repudiando a proposta e destacando seus danos, o veto foi derrubado pela maioria da Casa. Faremos tudo o que for possível para barrar a efetivação desse absurdo”, lamentou a vereadora Cida Falabella (PSOL), nas redes sociais.

Movimentação nacional

A decisão do legislativo de Belo Horizonte aconteceu em meio à resistência de mulheres e defensores dos direitos de crianças e adolescentes à proposta que ficou conhecida como PL do Estupro, em tramitação na Câmara Federal. 

Para o vereador Bruno Pedralva (PT), o projeto aprovado pela CMBH faz parte de uma movimentação nacional da extrema direita, cujo objetivo é retirar direitos das mulheres. 

“Nós estamos diante de uma ataque orquestrado nacionalmente para mudar a legislação que garante o direito à interrupção da gravidez em casos de violência e risco da mãe. Existem mulheres vitimas de violência sexual com dificuldade de fazer o processo de interrupçao da gravidez em BH. Vários hospitais com os quais conversamos demonstraram preocupação, por conta da exposição de hospitais, profissionais e das vítimas”, repudiou o parlamentar. 

Consequências

Já a vereadora Iza lourença (PSOL) destaca que a exposição dos dados, além de violar o direito à privacidade, também pode aumentar a perseguição às mulheres que realizarem o aborto legal. 

“São dados sensíveis e precisam ser preservados, não podem ficar de acesso para qualquer pessoa. Existe no Brasil um complô para perseguir crianças, mulheres, vitimas de estupro, que vão ao hospital fazer o aborto, que é legal, que elas têm  direito. A sociedade é contra colocar obstáculos para que meninas vitimas de estupro abortem. Vamos lembrar daquela criança de 10 anos que foi perseguida no Espirito Santo, quando foi fazer o aborto”, criticou a parlamentar, durante a discussão na CMBH. 

Saiba quem foram os vereadores que votaram a favor da exposição dos dados:

Braulio Lara (Novo)
Ciro Pereira (Republicanos)
Cláudio do Mundo Novo (PL)
Cleiton Xavier (MDB)
Fernanda Pereira Altoé (Novo)
Fernando Luiz (Republicanos)
Flávia Borja (DC)
Gilson Guimarães (PSB)
Henrique Braga (MDB)
Irlan Melo (Republicanos)
Jorge Santos  (Republicanos)
José Ferreira (Podemos)
Loíde Gonçalves (MDB)
Marcela Trópia (Novo)
Marcos Crispim (CD)
Marilda Portela (PL)
Professor Juliano Lopes (Podemos)
Professora Marli (PP)
Ramon Bibiano Casa Apoio (Republicanos)
Reinaldo Gomes (DC)
Rubão (Podemos)
Sérgio Fernando Pinho Tavares (MDB)
Wilsinho da Tabu (Podemos)

 

Edição: Elis Almeida