As cozinhas solidárias viraram programa federal
“O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que já passou fome. A fome também é professora. Quem passa fome aprende a pensar no próximo e nas crianças”, escreveu Carolina Maria de Jesus em seus diários, que se transformaram no livro Quarto de Despejo.
Após voltar ao Mapa da Fome durante o governo Bolsonaro, em 2021, com cerca de um terço dos brasileiros em situação de insegurança alimentar grave ou moderada, nosso país elegeu um presidente comprometido com a erradicação da miséria.
Lula já sofreu com a fome e a garantia da comida no prato de todos os brasileiros é uma de suas principais batalhas desde seu primeiro mandato.
É com muito orgulho que participo dessa iniciativa
Como uma das estratégias, o governo tem apostado no fortalecimento de Cozinhas Solidárias, que são uma tecnologia popular no combate à fome, protagonizada por movimentos sociais, especialmente durante a pandemia. Depois de garantir muita comida e organização popular, as cozinhas viraram programa federal.
Na última semana, o governo Lula avançou mais um passo no combate à fome, com a finalização de cadastros das cozinhas no Programa Cozinha Solidária. Apenas em Minas Gerais, são 157 cozinhas cadastradas, distribuídas em diversos municípios.
É com muito orgulho que participo dessa iniciativa e contribuí para que se tornasse política pública. Durante os grupos de transição de governo, construímos ao lado dos movimentos sociais, em especial do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), o Programa Nacional das Cozinhas Solidárias.
É a solidariedade que garante o combate à fome
O Programa tem como principal objetivo garantir a alimentação gratuita e de qualidade, com foco na população em situação de vulnerabilidade e risco social, e foi instituído pela Lei 14.628, de julho de 2023.
Além da alimentação, as Cozinhas Solidárias também promovem a inclusão social e econômica de diversas comunidades, com atividades, oficinas e formações em bairros periféricos e ocupações urbanas.
Mais de R$ 870 mil em emendas para Cozinhas Solidárias
Em Minas Gerais, de acordo com o último relatório do II VIGISAN, 24,2% da população vivia em situação de insegurança alimentar de moderada a grave, e 8,2% dos mineiros conviviam com a fome (insegurança alimentar grave).
Nesse contexto, uma das minhas primeiras iniciativas enquanto deputada estadual foi protocolar o Projeto de Lei das Cozinhas Solidárias (PL 203/2023), que institui o Programa de Cozinha Solidária em Minas Gerais, para distribuir refeições para a população, visando a promoção do direito à alimentação adequada e também a realização de atividades culturais e educativas.
Destinamos R$ 270 mil em emendas parlamentares, para equipar cozinhas solidárias em Belo Horizonte, Contagem, Uberlândia e Montes Claros e distribuir alimentos nas periferias, ocupações e no Centro de Apoio ao Trabalho Ambulante (Cata).
É o povo que garante a comida no prato do povo
Esse compromisso, de combater a fome e fortalecer as Cozinhas Solidárias, vem desde a época de vereadora. Em 2022, também destinamos emendas de R$ 600 mil para três Cozinhas Escolas de Formação Comunitária em Belo Horizonte, na Ocupação Vitória, na Ocupação Anita Santos e na Cozinha Solidária da Serra, para estruturar esses equipamentos nos territórios e realizar formação dos moradores das comunidades para geração de trabalho e renda.
Seguimos junto aos movimentos sociais para fortalecer as diversas formas de organização popular. Foi assim que elegemos Lula e resgatamos a democracia no país. Foi assim que conquistamos a transformação das Cozinhas Solidárias em política pública. É o povo que garante a comida no prato do povo, é a solidariedade que garante o real combate à fome.
Bella Gonçalves é uma mulher, lésbica, lutadora pelo direito à cidade e deputada estadual de Minas Gerais (PSOL).
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Leia outros artigos de Bella Gonçalves em sua coluna no jornal Brasil de Fato MG.
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Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal.
Edição: Ana Carolina Vasconcelos