Minas Gerais

MANIFESTAÇÃO

Em BH, Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ completa 25 anos como uma das mais politizadas do Brasil

Evento ocorre neste final de semana, no centro da capital, com concentração a partir de 12h

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
"Não tem celebração sem luta e não tem luta sem celebração", diz organizador da manifestação - Foto: Divulgação/PBH

Com o tema “celebrar as conquistas, reafirmar a luta”, a parada do orgulho LGBTQIAPN+ de Belo Horizonte acontece neste domingo (21), no centro da capital. Em 2024, a manifestação completa 25 anos e espera reunir mais de 300 mil pessoas. A concentração começa às 12h, no cruzamento da Avenida Afonso Pena com a Avenida Brasil. 

Para os organizadores, integrantes do  Centro de Luta Pela Livre Orientação Sexual de Minas Gerais (Cellos), a celebração das conquistas e a continuidade da luta são inseparáveis, o que deu origem ao mote escolhido para esse ano. 

“Temos a certeza de que essas conquistas só vieram por meio de muita luta, portanto não tem celebração sem luta e não tem luta sem celebração. Nós não vamos ser nunca uma população que vai ficar acanhada, a população LGBT luta com alegria e com seriedade. O movimento social LGBT organizado é de envergadura, de potência, mas a gente faz isso com o sorriso no rosto”, aponta Maicon Chaves, presidente do Cellos.

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A população LGBT reconhece que conquistas como o casamento civil igualitário, a saúde sexual e os direitos jurídicos e a decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF) de equiparar injúrias homofóbicas a crimes de racismo são exemplos das vitórias alcançadas com o esforço coletivo.

Apesar disso, os desafios permanecem. O Brasil continua sendo um dos países que mais mata pessoas LGBTQIAPN+ no mundo. E ainda não possui uma legislação abrangente para proteger essa população. O Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos registrou mais de 33 mil denúncias contra essa população apenas nos primeiros meses de 2024. 

 

Inclusão

Para Maicon, a manifestação é também a luta contra a LGBTfobia estrutural, que exige políticas públicas eficazes e contínuas, reforçando a necessidade de um movimento social organizado e combativo.

“A parada é sem dúvida uma das mais politizadas do Brasil. No sentido de que a gente faz uma festa, faz um show, faz um grande rolê, mas a gente permanece com um caráter importante, que é de buscar a cidadania LGBT. Ela tem lado, e é o lado da população LGBT, é o lado do trabalhador e da trabalhadora”, reforça. 

Esse caráter político está, inclusive, na maneira como as apresentações artísticas da manifestação são organizadas, com a presença apenas de artistas locais. O cuidado está também em contemplar pessoas de cada uma das letras presentes na sigla e, especialmente, a população da periferia. É o que explica o vice-presidente do Cellos, Gilberth Santos.

“Falar da parte artística da nossa parada é muito importante, porque nós temos um diferencial em Belo Horizonte que é justamente valorizar a nossa cultura local. Nós não temos aqui em Belo Horizonte grandes nomes, nomes nacionais se apresentando. É claro que nós valorizamos muito os grandes nomes, que são nossa representação em vários lugares do país, mas aqui na nossa parada em Belo Horizonte, nós temos ainda a tradição de valorizar aqueles artistas locais”, ressalta.

A Parada do orgulho LGBTQIAPN+ de BH também foi a primeira a colocar um intérprete de libras para tradução simultânea do evento. Esse ano, terá um espaço reservado de acessibilidade, com áudio descritores preparados para receber e acolher pessoas com mobilidade reduzida e  pessoas com baixa visão.

As apresentações dos artistas LGBTQIAPN+ locais acontecerão em um palco 360º e exibidos em telões, permitindo que o público acompanhe os shows em qualquer uma das vias. Além disso, pela primeira vez, a parada contará com uma transmissão ao vivo pela internet. Às 17h, os trios elétricos iniciam o cortejo em direção à Praça Sete, onde será realizada a dispersão, às 22h.

Periferia no centro

Regiane Abelha, moradora da Região Barreiro, chama a atenção também para o projeto Cellos sem Contorno, que coloca nove mobilizadores, de nove regionais diferentes da cidade, para mobilizar pessoas das periferias e trazê-las ao centro dos debates sobre as questões LGBTQIAPN+. 

“Primeiro que a gente tem uma linguagem seletiva, então a gente causa essa separação de pessoas fazendo com que a linguagem daqui do centro seja diferente da linguagem dos locais descentralizados. A gente perde os nossos e perde muito da nossa população também. As pessoas não vão falar com uma linguagem simplesmente formal, elas vão falar do jeito que elas falam”, conta. 

LGBTQIAPN+

A sigla LGBTQIAPN+ significa: lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, queer, intersexual, assexual, pansexual e não binários, já o símbolo +, ao final, inclui outras identidades de gênero e orientação sexual.  


 

Edição: Elis Almeida