A luta contra a desigualdade social, que afeta fortemente a região dos vales do Jequitinhonha e Mucuri, no nordeste de Minas Gerais, ganhou destaque no primeiro encontro regional do Fórum Técnico de Minas Gerais pela Ciência, realizado na última sexta-feira (23), na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), em Diamantina.
Região sofre com modelos de desenvolvimento que não consideram suas especificidades
Promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o evento contou com a parceria de quase 50 entidades, incluindo universidades e fundações de pesquisa. A presidente da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da ALMG, Beatriz Cerqueira (PT), enfatizou que a região tem grande potencial, mas sofre com modelos de desenvolvimento que não consideram suas especificidades.
“O Vale do Jequitinhonha enfrentou a monocultura e, agora, enfrenta a própria mudança do nome para ‘Vale do Lítio’, que, infelizmente, o Governo do Estado tem feito, como se a região fosse de caminho único. Esses caminhos únicos não trazem um desenvolvimento que considere toda a região, todas as suas necessidades, e acabam reproduzindo desigualdades”, explicou a deputada.
:: Receba notícias de Minas Gerais no seu Whatsapp. Clique aqui ::
Durante a discussão, especialistas abordaram o histórico de planos econômicos que aumentaram o PIB local, mas aprofundaram a desigualdade. Teresa Cristina Cardoso Vale, doutora em Ciência Política, defendeu um planejamento mais participativo e menos tecnocrático.
“Não podemos inovar, se isso só trouxer benefícios para um grupo seleto da sociedade. Do contrário, ampliamos as desigualdades e aumentamos a concentração de renda, prestando um desserviço à região”, alertou.
Crise de financiamento
A crise de financiamento das universidades e instituições de pesquisa, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), também foi amplamente debatida. O reitor da UFVJM, Heron Bonadiman, e o promotor de Justiça Luís Gustavo Bortoncello, destacaram os retrocessos vividos nos últimos anos.
“Vivemos recentemente quatro anos em que se negou a ciência, se retrocedeu o desenvolvimento e se negou a inclusão social e o meio ambiente”, criticou o promotor.
Elaboração de plano
O encontro deu início à elaboração do Plano Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, com grupos de trabalho discutindo quatro eixos: estruturação do sistema de CT&I em Minas Gerais, desenvolvimento social com qualidade de vida, interação entre natureza e sociedade, e cidades inteligentes e sustentáveis. A professora da UFMG Andréa Macedo, representante do conselho da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), destacou a relevância das propostas regionais.
“Queremos um documento que represente o tamanho do nosso estado e que tenha a cara de Minas Gerais”, afirmou.
Propostas voltadas à preservação ambiental, como programas de prevenção a extremos climáticos e créditos de carbono, foram debatidas. Também foram discutidos temas como inclusão digital e o reaproveitamento de resíduos e de água, visando fortalecer a produção local e a sustentabilidade.
Com informações da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Edição: Ana Carolina Vasconcelos