Minas Gerais

DESENVOLVIMENTO

Encontro em Diamantina discute desenvolvimento inclusivo e sustentável para os Vales do Jequitinhonha e Mucuri

Fórum pela Ciência busca alternativas para combater a desigualdade na região, unindo inovação e justiça social

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
O evento contou com a parceria de quase 50 entidades, incluindo universidades e fundações de pesquisa - Foto: Willian Dias - ALMG

A luta contra a desigualdade social, que afeta fortemente a região dos vales do Jequitinhonha e Mucuri, no nordeste de Minas Gerais, ganhou destaque no primeiro encontro regional do Fórum Técnico de Minas Gerais pela Ciência, realizado na última sexta-feira (23), na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), em Diamantina. 

Região  sofre com modelos de desenvolvimento que não consideram suas especificidades

Promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o evento contou com a parceria de quase 50 entidades, incluindo universidades e fundações de pesquisa. A presidente da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da ALMG, Beatriz Cerqueira (PT), enfatizou que a região tem grande potencial, mas sofre com modelos de desenvolvimento que não consideram suas especificidades. 

“O Vale do Jequitinhonha enfrentou a monocultura e, agora, enfrenta a própria mudança do nome para ‘Vale do Lítio’, que, infelizmente, o Governo do Estado tem feito, como se a região fosse de caminho único. Esses caminhos únicos não trazem um desenvolvimento que considere toda a região, todas as suas necessidades, e acabam reproduzindo desigualdades”, explicou a deputada.

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Durante a discussão, especialistas abordaram o histórico de planos econômicos que aumentaram o PIB local, mas aprofundaram a desigualdade. Teresa Cristina Cardoso Vale, doutora em Ciência Política, defendeu um planejamento mais participativo e menos tecnocrático. 

“Não podemos inovar, se isso só trouxer benefícios para um grupo seleto da sociedade. Do contrário, ampliamos as desigualdades e aumentamos a concentração de renda, prestando um desserviço à região”, alertou.

Crise de financiamento

A crise de financiamento das universidades e instituições de pesquisa, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), também foi amplamente debatida. O reitor da UFVJM, Heron Bonadiman, e o promotor de Justiça Luís Gustavo Bortoncello, destacaram os retrocessos vividos nos últimos anos. 

“Vivemos recentemente quatro anos em que se negou a ciência, se retrocedeu o desenvolvimento e se negou a inclusão social e o meio ambiente”, criticou o promotor.

Elaboração de plano

O encontro deu início à elaboração do Plano Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, com grupos de trabalho discutindo quatro eixos: estruturação do sistema de CT&I em Minas Gerais, desenvolvimento social com qualidade de vida, interação entre natureza e sociedade, e cidades inteligentes e sustentáveis. A professora da UFMG Andréa Macedo, representante do conselho da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), destacou a relevância das propostas regionais. 

“Queremos um documento que represente o tamanho do nosso estado e que tenha a cara de Minas Gerais”, afirmou.

Propostas voltadas à preservação ambiental, como programas de prevenção a extremos climáticos e créditos de carbono, foram debatidas. Também foram discutidos temas como inclusão digital e o reaproveitamento de resíduos e de água, visando fortalecer a produção local e a sustentabilidade.

Com informações da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

 

Edição: Ana Carolina Vasconcelos