“Todas as formas de vida importam. Mas quem se importa?”. Esse é o lema deste ano do Grito dos Excluídos, manifestação que acontece anualmente nos dias 7 de setembro, em contraponto ao Grito da Independência, com tom crítico ao sistema econômico vigente. Em Belo Horizonte, a concentração começa a partir das 9h30, na Praça Vaz de Mello, na Lagoinha, atrás da Rodoviária. Em seguida, os manifestantes caminharão até a Praça Sete.
Em 2024, a mobilização também celebra 30 anos de luta por justiça social e promete denunciar, em especial, as crises ambientais que afetam, principalmente, os mais vulneráveis. O ato marca, por exemplo, tragédias vivenciadas recentemente, como as enchentes no Rio Grande do Sul e as secas na Amazônia.
“Estamos vivendo várias agressões. A questão ambiental, a questão da violência urbana, dos povos indígenas, quilombolas e tudo mais. Então, é essa a reflexão que esse tema nos traz neste ano”, explica Jair Gomes, da comissão organizadora do Grito dos Excluídos e Excluídas de BH.
Ele também lembra da importância da mobilização para os cristãos, já que o Grito surgiu, em 1994, a partir da igreja católica.
“É sobre a que ponto, de fato, nós estamos defendendo a vida e todas as suas formas, seja vegetal, animal ou humana”, acrescenta.
A história
O Grito dos Excluídos surgiu oficialmente a partir da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que promovia um mutirão nacional de reflexão sobre quem seriam os protagonistas para resolver a questão da exclusão no Brasil.
De lá pra cá, foram 30 anos atualizando o lema, mas mantendo o mesmo princípio: a vida em primeiro lugar. A ideia é cobrar por direitos que já deveriam ser garantidos. Mas essa é uma realidade distante de muitos brasileiros, que ainda carecem de acesso a um conjunto de políticas importantes para ter uma vida plena, segundo o cientista social Frederico Santana Rick, também integrante da comissão organizadora do Grito.
O especialista relembra momentos marcantes da história da manifestação.
“Um deles foi durante a luta contra o golpe contra Dilma, em 2016. Foi um grito muito forte, muito grande. E também o grito de 2015, quando o Brasil já estava em uma situação polarizada. A manifestação potencializou esse debate político no país”, detalha.
Na capital mineira, Frederico destaca a mobilização de 2022, quando a organização retirou a concentração da manifestação do centro e a colocou na periferia.
“A gente andou aqui por um grande aglomerado da cidade, a Pedreira Prado Lopes, o que também foi um momento importante do Grito”, aponta.
Luta mineira
No contexto de Minas Gerais, Jair Gomes aponta que serão feitas denúncias direcionadas à política de Romeu Zema (Novo), em especial para questionar o Projeto Somar, que, segundo ele, quer privatizar a educação pública, e também para reivindicar moradia digna para a população em situação de rua.
A manifestação também questionará a privatização de estatais mineiras, como a Cemig e a Copasa, e a autorização concedida pelo governador a projetos minerários no estado, como na Serra do Curral. “Estamos também nessa luta contra a mineração predatória”, reafirma o militante.
Onde será?
O Grito é, além da manifestação no dia 7 de setembro, um grande processo que envolve preparação, pré-mobilização e que não acaba assim que passa o dia da independência. Pelo contrário, a luta continua no dia a dia, com a formação de lideranças durante o ano inteiro.
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Neste sábado, o Brasil inteiro se mobiliza em torno do Grito dos Excluídos. Confira os pontos de concentração em Minas Gerais:
Belo Horizonte/MG
7/09 – Concentração, a partir das 9h30, na Praça Vaz de Mello, na Lagoinha, atrás da Rodoviária, seguida de caminhada até a Praça Sete de Setembro.
Montes Claros
7/9 – Concentração, às 8h, no Centro de Convívio Luizinha Gonçalves, localizado na rua D, 119, Vila Atlântida.
Edição: Ana Carolina Vasconcelos