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Céu cinza e clima apocalíptico: passou da hora de enfrentar a crise climática

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Reprodução - Agência Minas
A primavera ganhou outros tons

Desde que entramos no mês de setembro, ainda não vimos o céu da forma que estávamos acostumados a ver nesta época do ano. O mês da primavera, no qual o azul do céu contrasta com as flores, ganhou outros tons. As nuvens cinzas de fumaça tomam conta das cidades brasileiras de tal maneira que, em muitos lugares, não se vê o sol. 

Entre o fim de agosto e o início de setembro, as imagens de Belo Horizonte passaram a lembrar cenas de um filme apocalíptico, com uma nuvem de fumaça tomando conta de todo o horizonte, encobrindo o céu e a Serra do Curral, que é o símbolo da cidade. 

O tempo sem chuva na capital mineira já bateu  recorde para o período, fazendo com que o clima fique cada vez mais seco e propício à  proliferação de incêndios. O céu cinza de BH se repete em outras cidades brasileiras, como a capital paulista e cidades do interior de São Paulo, Manaus e região metropolitana, entre outras. 

Emergência climática

Muitas queimadas resultaram de ações criminosas, como foram identificadas nas cidades do interior de São Paulo e denunciadas pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Esse cenário distópico nos coloca a refletir sobre o contexto de emergência climática. 

O termo é utilizado para definir as alterações na temperatura média do planeta, tanto na atmosfera quanto nos oceanos, que estão levando ao aumento de eventos extremos em todo o mundo. 

Tempo sem chuva em BH bate sucessivos recordes

Isso se traduz em chuvas intensas, como as registradas no Rio Grande do Sul,  além das secas na Amazônia e no Pantanal. O  cientista e climatologista Carlos Nobre, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2007, alerta para o fato de que o aquecimento global está tornando os eventos extremos cada vez mais frequentes. 

A temperatura média global registrada entre maio de 2023 e abril de 2024 está 0,73°C acima da média apresentada entre os anos de 1991 e 2020. Também está 1,61°C acima da média pré-industrial, de 1850 a 1900. Além disso, houve aumento da temperatura da superfície do mar, batendo sucessivos recordes.

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Beto Guedes é o autor de um verso muito atual: “Sol de primavera abre as janelas do meu peito. A lição sabemos de cor, só nos resta aprender. A lição é que não temos mais tempo para enfrentar a crise climática. Já passou da hora”. 

É preciso estar atento

Por isso, é preciso estarmos muito atentos aos legisladores e gestores que querem afrouxar a legislação ambiental. Está prevista para acontecer em novembro de 2025 a 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre mudanças climáticas (COP30), que será realizada em Belém, no Pará.  

O Acordo de Paris prevê a meta de zerar o desmatamento ilegal no mundo, até 2030. Essa meta, que será apresentada na COP30, corrobora com o Novo Marco Legal de Biodiversidade, aprovado no fim do ano passado.

 É preciso ter atenção aos gestores que querem afrouxar a legislação ambiental

Os países signatários assumem o compromisso de adotarem a meta 30x30, para garantir a conservação efetiva de 30% das terras, mares e águas doce do mundo. O documento também prevê a necessidade de garantir, até 2030, recursos para se alcançar a meta e também a criação de mecanismos de financiamento da biodiversidade, por meio de recursos públicos e privados.

Macaé Evaristo é deputada estadual pelo Partido dos Trabalhadores.

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Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal

Edição: Ana Carolina Vasconcelos