Experiência do voluntariado universitário é única e transformadora
Por Lucas Belchior, Monica Abranches e Neurênia Queiroz
Estamos em aula, mas com muitas saudades dessas férias!
No dia 15 de julho, partiram para os Vales do Jequitinhonha e Mucuri duas equipes de rondonistas para um trabalho de duas semanas nas cidades de Setubinha e Almenara. O objetivo era contribuir com o conhecimento científico de várias áreas e cursos para superar os desafios das comunidades nas áreas de saúde, educação, assistência social e meio ambiente.
Um diferencial importante do trabalho do Projeto Rondon Minas é o diálogo de saberes entre as comunidades e os universitários em um movimento de mão dupla, no qual todos ensinam e aprendem nas ações cotidianas do projeto.
Nas visitas técnicas, nas oficinas, palestras e rodas de conversa, os rondonistas apresentam a população conhecimentos e metodologias capazes de melhorar a qualidade de vida das pessoas e do atendimento das políticas públicas locais. Ao mesmo tempo, os universitários aprendem sobre a cultura local, as estratégias de sobrevivências das famílias, e o jeito próprio do povo de resolver os seus problemas e a relação deles com o poder público local.
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As equipes em campo puderam atuar com palestras nas escolas e em entidades sociais sobre a coleta seletiva, a reciclagem e a valorização dos catadores e catadoras das cidades como agentes ambientais; oficinas de capacitação com os agentes de saúde locais; encontros com os catadores das cidades para levantamento, discussão e possíveis soluções para os seus desafios do dia a dia; visitas técnicas aos equipamentos públicos e a observação dos problemas com o planejamento e execução das políticas públicas locais, entre outras ações.
O trabalho de campo dos rondonistas de Minas Gerais recebeu o apoio técnico e financeiro do Centro Universitário UNA, do Ministério Público de Minas Gerais, por meio do Programa Lixo e Cidadania, da entidade CeMAIS, do Instituto Projeto Rondon Nacional, das prefeituras das cidades, do CEFET/MG e do Deputado Estadual Leleco.
São parcerias importantes para viabilizar as ações das equipes de voluntariado que precisam do apoio para hospedagem, alimentação e deslocamento para as áreas onde o Projeto Rondon Minas atua. Nossa gratidão a cada parceiro dessa operação de férias.
Aprendizado
Sem dúvida, o período de férias desses universitários foi bem diferente. O que dizer do encontro dos alunos com os produtores rurais em Setubinha no evento Seminário Agrícola e do reconhecimento do trabalho realizado com os apenados do Sistema APAC em Almenara? Aprendizado!
E das palestras realizadas em várias escolas de Almenara sobre reciclagem e coleta seletiva e das rodas de conversa com os agentes de saúde e de endemias em Setubinha? Aprendizado! E as visitas aos postos de saúde, hospitais, CRAS e distritos das cidades e o reconhecimento da dura realidade das comunidades rurais? Aprendizado!
O trabalho transdisciplinar e com base na ecologia dos saberes, na escuta ativa, reflexiva e com retorno das comunidades nos territórios que atuamos proporciona a efetividade de um dos papéis mais importantes da formação universitária: a extensão.
Sair dos muros acadêmicos, levando algo que possa mudar a vida de uma comunidade e, principalmente, com os ouvidos e coração abertos para aprender e readequar todos os aspectos daquela caixinha que não tinha muitas possibilidades aprendido na universidade, é algo único e que com certeza modifica vidas.
O Projeto Rondon tem possibilitado essas formas de integração, criando vínculos, redes de contato e de possibilidades para todos os lados: acadêmicos, moradores, gestores, dentre outros. Esse momento é único e é de extrema riqueza para os atuais e futuros profissionais.
Sem dúvida, a experiência do voluntariado universitário que o Projeto Rondon Minas oferta é única e transformadora. Já pudemos vivenciar algumas intervenções, como alunos e como coordenadores, e em cada uma delas pudemos adquirir e transmitir conhecimentos, habilidades e atitudes que muitas vezes não estavam diretamente ligados à minha área de formação e que eu nem acreditava ser capaz.
É gratificante ver o olhar de cada rondonista, muitas vezes impactados pelas duras realidades encontradas e ao mesmo tempo, extasiados pela resiliência e resistência demonstradas durante cada aproximação com as comunidades atendidas. É um aprendizado constante que exige disposição, comprometimento, empatia, trabalho em equipe, desenvoltura. É uma oportunidade singular de vivenciar em duas semanas o que o ambiente acadêmico não proporciona.
Participaram dessa experiência alunos das instituições PUC Minas, Centro Universo BH, Unifal, Faseh, Centro Universitário UNA, Faminas e UniBH. Os alunos representaram as áreas de medicina, psicologia, medicina veterinária, enfermagem, engenharia e odontologia.
Que venham mais férias e aprendizados como estes! Janeiro tá logo ali!
Monica Abranches é presidente do Projeto Rondon Minas & Lucas Belchior é médico veterinário & Neurênia Queiroz é enfermeira, ambos coordenadores de equipes de campo do Projeto Rondon
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Leia outros artigos sobre o Projeto Rondon em sua coluna no jornal Brasil de Fato MG
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Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal.
Edição: Elis Almeida