As famílias estão sendo afetadas por transferências desumanas e abruptas
No mês do “Setembro Amarelo” é necessário refletirmos sobre aqueles e aquelas que têm todos os outros meses cinza na Copasa.
Recentemente, uma alta incidência de reclamações sobre saúde mental têm vindo dos trabalhadores da Copasa. Um dos indícios são as reclamações e lamentações por parte de empregados, que dado as circunstâncias atuais, com problemas relacionados às modificações em suas rotinas laborais, se agravam.
Uma das situações sérias é o caso dos leituristas. O serviço foi terceirizado, e, com isso, trabalhadores estão recebendo salário mínimo, trabalham em condições ruins e em alta rotatividade. E os leituristas que permanecem no quadro próprio estão em agonia, com cargas de trabalho que chegam a superar as 500 leituras.
Dezenas de leituristas foram transferidos para centenas de quilômetros de casa de uma semana para outra. Situação que levou muitos ao desespero, afundados em ansiedades diversas: não sabem se voltarão, se permanecerão ou mesmo não sabem se o posto de trabalho irá continuar. Longe da família, o problema passa a ser um problema social, do qual a Copasa parece não ter sequer pessoal suficiente nos seus setores de assistência social, psicologia ou psiquiatria para lidar.
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As famílias estão tendo que lidar com problemas diversos, afetados por transferências desumanas e abruptas. Não é apenas as rotinas e expectativas que são modificadas, o trabalho que antes era garantia de um futuro para si e para a família, agora representa condição de afastamento da família.
A Copasa está em uma condição insustentável, incoerente com as tais políticas de Governança Social e Ambiental (ESG) corporativa que diz praticar. Sendo que, o compromisso com a ESG é uma premissa até mesmo para os empréstimos que a Copasa obtém, como o de valor bilionário com a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD).
Ou seja, o adoecimento e o sofrimento mental dos trabalhadores é uma questão ética e de saúde laboral, e também uma questão econômica. Segundo o Fórum Econômico Mundial a saúde mental gera um custo global de cerca de US$ 6,6 trilhões, considerando despesas médicas, perdas por absenteísmo e aposentadorias precoces. No Brasil, representa quase 5% do PIB.
Para a Copasa, uma empresa com uma retórica de eficiência e com a financeirização cada vez mais avançada, as perdas humanas, de imagem e financeiras deveria importar, mas não tem importado.
Para os leituristas da Copasa, cuja situação é cada dia mais grave, o “Setembro Amarelo” lembra-os que os demais meses do ano, para eles, são cinza. Problemas relacionados ao sofrimento de saúde mental tornam as pessoas improdutivas e destrói a vida e a família.
Lucas Tonaco é secretário de Comunicação da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU) e dirigente do Sindágua-MG
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Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial do jornal
Edição: Elis Almeida