Inaugurado em 1994, o Parque Municipal Fazenda Lagoa do Nado, localizado entre os bairros Planalto e Itapoã, completa 30 anos como um importante espaço de lazer e convivência em Belo Horizonte. Com aproximadamente 311 mil metros quadrados de vegetação nativa e uma lagoa de 22 mil metros quadrados, o parque não é apenas um oásis em meio à urbanização, mas um símbolo de resistência e inclusão social.
Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) catalogaram cerca de 130 espécies de árvores, com 75% delas sendo nativas do cerrado, incluindo ipês, aroeira branca e urucum. O espaço também abriga uma rica fauna, onde é possível observar aves como pica-pau e coruja, além de mamíferos como o mico-estrela e o gambá.
“O parque é uma área de preservação ambiental, que, de certa forma, torna o microclima da região mais ameno”, comenta Carlos Justino, aposentado e frequentador do parque. Para ele, esse espaço é vital, especialmente em tempos de clima extremo.
Ocupação territorial
A história do Lagoa do Nado está interligada com a ocupação da região. No fim do século XIX, a área servia como entreposto para tropeiros e mercadores que viajavam em direção ao Curral Del Rey. Com o passar do tempo, a antiga Fazenda Engenho Córrego do Nado, que ficava no local, foi sendo abandonada, mas logo se tornou um ponto de lazer para as comunidades vizinhas.
Em 1982, a mobilização da comunidade ganhou força, com a fundação da Associação Cultural Ecológica Lagoa do Nado (ACELN), que organizou a primeira Festa da Lagoa do Nado, promovendo atividades culturais e debates sobre a criação do parque.
“O parque traz o significado da necessidade da gente preservar, de conscientização ambiental, de respeito às diversidades”, ressalta Carlos.
Inclusão social
Em 1984, a compra do terreno foi autorizada, mas o parque só foi oficialmente inaugurado uma década depois. Carlos comenta que, atualmente, o Lagoa do Nado também se destaca por promover inclusão social. O parque oferece uma vasta gama de atividades esportivas e culturais, sempre gratuitas, permitindo que todos tenham acesso.
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“É um espaço democrático que acolhe comunidades vulneráveis, proporcionando lazer e cultura. Aqui tem uma pista maravilhosa de skate, quadras para diversos esportes e eventos culturais que acontecem ao longo do ano”, afirma.
Histórias
Bruno Ferreira, jornalista e frequentador do espaço, compartilha a sua experiência. Para ele, o parque se tornou um espaço de relaxamento e descontração, onde é possível fazer piqueniques e aproveitar a beleza natural.
“Durante a pandemia, o Lagoa do Nado foi uma salvação para mim. Era uma forma de sair de casa de maneira segura e ainda ter contato com a natureza.”
O Centro de Referência da Cultura Popular e Tradicional Lagoa do Nado também desempenha um papel crucial, oferecendo oficinas, espetáculos e exposições, promovendo a cultura local e estimulando o debate social.
“É um lugar que traz vida e diversidade para a nossa cidade”, conclui Bruno.
Apesar de desafios, como a interdição temporária em 2021 devido a um caso de raiva, para os frequentadores, o Parque Lagoa do Nado continua a ser um símbolo de esperança, cuidado com o meio ambiente, resistência, convivência e celebração da vida em comunidade.
Edição: Ana Carolina Vasconcelos