Minas Gerais

HOMENAGEM

UFMG revitaliza monumento em homenagem a estudantes mortos pela ditadura militar

A restauração incluiu novos elementos simbólicos e tornou o espaço acessível a pessoas com deficiência

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
Foto: Ewerton Martins Ribeiro - Reprodução: UFMG

Desde 2004, o monumento Liberdade marca a paisagem em frente à Biblioteca Central da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no campus Pampulha, em Belo Horizonte. A obra é uma homenagem a quatro estudantes da instituição que foram assassinados durante a ditadura militar no Brasil: Gildo Macedo Lacerda, Idalísio Soares Aranha Filho, Walkíria Afonso Costa e José Carlos Novais da Mata Machado. Após 20 anos da sua instalação, o monumento passou por um processo de revitalização que reforça o compromisso com a memória e a luta desses jovens.

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O artista e professor Fabrício Fernandino, do departamento de Artes Plásticas da Escola de Belas Artes (EBA) da UFMG, idealizador da obra, destacou a força simbólica dos quatro troncos tombados que compõem o monumento. 

“É uma imagem forte, contundente e, ao mesmo tempo, poética. Adequada à gravidade daquele momento histórico”, explicou o escultor, ao portal da UFMG.

A restauração, concluída no fim de agosto, incluiu não apenas o reposicionamento dos troncos, mas também a instalação de uma nova placa, o plantio de um ipê branco e a criação de um caminho acessível. 

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“Fizemos um novo suporte para a placa e criamos uma espécie de ‘coroa’, um jardim em volta dos troncos. Todo ano, quando florescer, o ipê vai coroar a memória desses estudantes e nos lembrar do que aconteceu durante a ditadura. Os troncos também foram revitalizados e criamos um caminho que tornou o monumento acessível para as pessoas com deficiência”, completou Fernandino.

A revitalização também foi mencionada pela reitora Sandra Regina Goulart Almeida, durante a diplomação póstuma dos quatro estudantes, que ocorreu em uma cerimônia e reunião do Conselho Universitário da instituição.

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"A instalação do monumento, em setembro de 2004, foi parte das comemorações dos 77 anos da UFMG. Agora, com sua revitalização, comemoramos os 97 anos da universidade. Trata-se de uma singela homenagem àqueles jovens idealistas", afirmou a reitora.

Memória viva

A construção do monumento, proposto pela ex-diretora do Centro de Comunicação (Cedecom) da UFMG Maria Ceres Pimenta Spínola Castro, contou com a participação de diversos setores da comunidade acadêmica em sua restauração. Entre eles, a pró-reitora adjunta de Administração, Eliane Aparecida Marques, engenheiros do Departamento de Manutenção e Operação da Infraestrutura (Demai) e o engenheiro agrônomo Rafael Sanches, da Divisão de Áreas Verdes do Departamento de Gestão Ambiental (DGA).

Fernandino lembrou que o monumento também é um marco simbólico dos 20 anos do fim da ditadura militar no Brasil, e que a obra e a exposição Liberdade, trouxeram à tona a importância de manter viva a memória da luta estudantil. 

“O tempo promove o esquecimento. Então, naquela época, nós percebemos a importância do resgate da memória e da desconstrução desse esquecimento. As pessoas se acostumam com aquela obra e param de prestar atenção nela. O trabalho de restauração também traz essa renovação da lembrança”, destacou.

A exposição mencionada por Fernandino contou com cerca de 90 imagens, retratando momentos marcantes da resistência estudantil entre 1964 e 1984.

Edição: Ana Carolina Vasconcelos