Minas Gerais

ARTIGO

Querem nos roubar a paz, mas não passarão

Episódios de agressão precisam nos fazer refletir sobre a violência que nos atravessa cotidianamente

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
Reprodução - Marc Riboud

No dia 8 de setembro, os sonhos e projetos de meu irmão Alisson, de 39 anos, foram temporariamente interrompidos. Ele estava em um trailer no centro de Contagem, tomando sua merecida cerveja de domingo, quando um casal selvagem chegou para tirar a paz da noite.

A dupla, supostamente formada por um policial reformado, começou a ameaçar as pessoas do local com uma arma. Alisson interferiu para impedir que a mulher ferisse outras pessoas, mas o comparsa raivoso, tinha outra arma e desferiu três tiros em meu irmão.

A luta do Alisson continua no hospital e ele tem vencido dia após dia. Por isso penso que esse triste episódio precisa nos fazer refletir sobre a violência que nos atravessa cotidianamente. Querem nos tirar a paz, mas não passarão. Simplesmente porque além de uma enorme onda de amor, temos uma força constante movida pela fé e pela justiça.

Violência não pode ser algo comum. Queremos a paz.

Querem nos fazer acreditar que a violência é algo comum e que raro é o estado de paz. Não é verdade. Não aceito banalizar a violência e a dor, independentemente de que lado ela venha. Se pessoas que deveriam nos proteger nos atacam, é preciso nomeá-las: criminosos, pois é o que são. E crime se combate com justiça, não com ódio e violência. O casal covarde segue solto por aí, certamente ainda espalhando terror por onde passa.

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Com esse ato bárbaro, querem nos tirar a alegria, mas não sabem que nós – pessoas comuns, trabalhadoras e que não dispomos de nenhuma vantagem socioeconômica ou política no estrato social – temos a alegria como meta diária. Seguimos de cabeça muita erguida e celebrando cada pequeno avanço no estado de saúde do Alisson.

Da mesma forma, se eles esperam nos ver raivosos para facilmente nos dominar e dizer que os violentos somos nós, não conseguirão. Pois o que buscamos é a verdade, materializada em imagens coléricas registradas por um sistema de segurança. Para aqueles que disseminam o terror, a justiça. Para nós, a tranquilidade da paz e do amor.

Mas não qualquer amor, e sim um amor que contemple a generosidade de meu irmão. Um homem grande de corpo e de coração, inteligente, criativo, inventivo e pacífico. Esse homem que, em breve, dará continuidade a todos os seus projetos e sonhos e poderá viver plenamente tempos mais justos e pacíficos.

Vivian Teixeira é jornalista

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Este é um artigo de opinião, a visão da autora não necessariamente representa a linha editorial do jornal.

Edição: Elis Almeida