Minas Gerais

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2º turno: BH (ainda) pode mais

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Reprodução - Luiz Santana/ALMG
Para além de uma câmara parlamentar, vamos construir uma câmara popular

Nossa querida BH vai decidir seu futuro para os próximos quatro anos. E a decisão da maioria do povo de nossa cidade terá repercussões diretas para nossas vidas. E para o país.

Dois projetos disputam o Brasil. De um lado, um projeto autoritário, conservador e ultraliberal liderado pelo bolsonarismo. De outro, um projeto democrático, de crescimento com distribuição de renda, liderado por Lula.  Nas eleições para a prefeitura, a polarização tardou a ocorrer, mas nas últimas semanas expressou-se de forma clara. Eleitores mais identificados com a extrema direita, votaram majoritariamente em Engler. E os eleitores mais identificados com o campo democrático, votaram majoritariamente em Fuad.

Nas eleições para a Câmara Municipal, a polarização da sociedade ficou ainda explícita com o crescimento da bancada bolsonarista e da bancada progressista, com a diminuição das cadeiras alinhadas ao centro (mesmo que ainda representem a maioria das cadeiras no parlamento municipal).

BH (ainda) pode mais. Na saúde, é possível melhorar a qualidade dos atendimentos nos Centros de Saúde e enfrentar as filas para consultas, exames e cirurgias. No transporte, é possível rever o contrato com as empresas de ônibus para mais qualidade e criar as bases para a tarifa zero. Na cultura, é possível potencializar mais as iniciativas criativas da periferia e da juventude. E, no meio ambiente, é urgente salvar a Serra do Curral e plantar árvores para refrescar nossa existência, até a meta de uma árvore para cada habitante.

Nossos sonhos transcendem as urnas. Mas as urnas de 27 de outubro vão definir o destino dos nossos sonhos: se a escolha for Engler, será um pesadelo; se a escolha for Fuad, a luta continua.

Fuad não é um prefeito de esquerda. E cometeu erros em sua gestão. Muitos deles criticados duramente por nosso mandato, pelos movimentos sociais e sindicais. Fuad é um político liberal, mas do campo democrático. E esse campo da direita liberal e demorática, como Simone Tebet, Geraldo Alckmin e Rodrigo Pacheco, cumpriu um papel fundamental para derrotar Bolsonaro nas últimas eleições e salvar o Brasil do projeto autoritário, conservador e ultraliberal.

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Temos que nos lembrar de algumas iniciativas importantes do atual prefeito, como a construção de novos Centros de Saúde, o fechamento do Aeroporto Carlos Prates para a construção de parques, escolas, unidades de saúde e moradias populares, além da simbólica desocupação da Avenida Raja Gabaglia quando os golpistas tentaram ocupar as ruas e quartéis após a eleição de Lula, a primeira em todo o país.

Por isso, eleger Fuad é uma missão tática necessária para a democracia em BH e no Brasil.

Câmara Municipal

Na Câmara Municipal, mesmo com o crescimento da bancada progressista, o desafio de quem defende as pautas populares será imenso. A extrema direita e a direita apresentaram, ao longo desses últimos anos, projetos de lei que beneficiaram diretamente o grande empresariado, como as construtoras que tiveram redução significativa das contrapartidas e das contribuições financeiras para fazer grandes prédios e empreendimentos na região central e áreas nobres. Além de atacar as políticas públicas, como as moradias populares e a cultura.

Aliás, uma passada rápida de olho pelo financiamento de algumas campanhas de vereadores nos dá a ideia exata do lado com o qual elas e eles se comprometem. Uma dica: não é o lado dos mais pobres e da justiça social.

O grande número de votos dessa bancada conservadora pode conferir ainda mais ânimo para a defesa das pautas antipovo. Já tivemos até a promessa de levar BH ao posto de cidade mais conservadora do Brasil. Qual o papel da bancada progressista eleita, dos movimentos populares e sindicais nesse cenário?

Em primeiro lugar, nossa tarefa é eleger um prefeito que não esteja comprometido com as pautas da extrema direita. Um governante que não embarque nas pautas mais absurdas e inconstitucionais apresentadas por essa ala é fundamental.

Em segundo lugar, nossa bancada progressista precisa atuar com unidade com os movimentos populares, sociais e sindicais. O enfrentamento à extrema direita não será obra de uma só pessoa, justamente porque enfrentamos um projeto articulado e coeso. Precisamos estar igualmente em diálogo e coesão. Para além de uma câmara parlamentar, vamos construir uma câmara popular.

Nossa força como vereadoras e vereadores não vem somente dos votos que tivemos nas urnas, mas principalmente da capacidade de organização e luta dos movimentos populares e sindicais para resistir nas ruas e no parlamento. Construir a cidade mais democrática e justa do Brasil é tarefa de todas e todos nós. Vamos à luta!

Bruno Pedralva é médico do SUS e vereador em Belo Horizonte pelo PT  

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Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal

Edição: Elis Almeida