Foi no bojo do combate à ditadura que surge o embrião da APUBH
Em novembro de 1977, quando a Associação de Professores Universitários de Belo Horizonte foi sonhada e organizada por um coletivo docente, a UMG/UFMG havia recém completado 50 anos. A Reforma Universitária, feita pelas mãos de acadêmicos e gestores da Ditadura Civil-Militar não havia completado uma década e Charles Chaplin não havia morrido ainda.
Ele também entra nessa história porque, dois meses depois de criada a Associação, o seu falecimento foi a gota d’água para João Bosco e Aldir Blanc comporem O Bêbado e o Equilibrista, música que se tornou o hino oficial do grande movimento social que tomava conta do Brasil naquele momento: o da Anistia!
Foi no bojo dos movimentos de combate à ditadura, mas também de enfrentamento dos desafios postos pela profissionalização e complexificação do trabalho universitário, sobretudo na UFMG, e pela expansão do ensino superior privado, fortemente incentivada pela Ditadura, que surge a instituição que, décadas mais tarde, se transformará em nosso Sindicato, o APUBHUFMG+.
Como diz o poeta Zé Vicente, "sonho que se sonha só pode ser pura ilusão, mas sonho que se sonha junto é sinal de solução. Então vamos sonhar companheiros, sonhar ligeiro, sonhar em mutirão”. Parece, pois, que foi esta a ideia que animou aquelas pessoas a darem um passo que, nas décadas seguintes, impactaria a vida das professoras e dos professores universitários de BH e, mais especificamente, da UFMG.
Junto com o movimento dos alunos e das alunas, que remonta às faculdades que funcionavam antes mesmo da criação da UMG, em 1927, das funcionárias e dos funcionários técnicos, organizado em 1974, o movimento docente tem sido dos mais importantes para organizar a defesa dos interesses corporativos da categoria – carreira, salário e condições de trabalho – e sobretudo, para fincarmos pé em defesa das instituiçoes e das políticas públicas.
No transcurso destes quase 50 anos – que serão comemorados em 2027 –, o APUBH se fortaleceu e se reinventou, não apenas a partir das agências de suas bases e de suas direções, mas também no diálogo com os movimentos sociais mais ativos e disruptivos de nosso tempo. Estas alianças, estabelecidas simultanteamente nos planos local, regional e nacional têm sido uma das mais importantes balizas da atuação do nosso sindicato, e por isso tem sido reconhecido pelas instituições parceiras.
O olhar para fora, no entanto, necessário e construtivo para uma instituição sindical que se quer à altura de seu tempo, nunca nos levou a esquecer a centralidade da luta por mais democracia e mais políticas inclusivas, de reconhecimento e fortalecimento das diversidades e promotoras da igualdade, no plano interno. Essa atuação de colaboração crítica e independente com a UFMG e com os diversos coletivos que a constituem, tem sido, historicamente, uma das características marcantes da ação do APUBHUFMG+.
Lembrar este processo, transformá-lo em memória viva e afetiva daqueles e daquelas que lutam pela educação pública de qualidade socialmente referenciado no país, é uma das proposições que serão lançadas durante as Comemorações dos 47 anos do APUBHUFMG+ - Rumo ao Cinquentenário (1977/2027) que acontecerão na terça-feira, dia 12/11, data do aniversário do APUBHUFMG+, na Sede do Sindicato.
Venha conosco, compareça à festa e nos ajude a construir essa história!
Luciano Mendes de Faria Filho é pedagogo, doutor em Educação e professor titular da UFMG. Publicou, dentre outros, “Uma brasiliana para a América Hispânica – a editora Fondo de Cultura Econômica e a intelectualidade brasileira” (Paco Editorial, 2021)
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Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal
Edição: Elis Almeida