“Pelo Gandarela, vou lutar até o fim! Na nossa toca, a mineração não toca”, diz a marchinha composta por Simone de Pádua. Este ano, ativistas se uniram para protestar contra os impactos da mineração na Serra do Gandarela, trazendo à tona a situação da Paleotoca, uma caverna escavada há mais de 10 mil anos por preguiças-gigantes, ameaçada por empreendimentos minerários.
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Com versos que misturam humor e crítica, a marchinha "Preguiça Gigante e Paleotoca do Gandarela" ganhou destaque nas redes sociais, na defesa do patrimônio natural. A letra denuncia os riscos impostos pela atividade minerária da Vale, exaltando a importância da preservação.
Preguiça gigante e paleotoca do Gandarela
Pre, Pre, Pre,
Preguiça se é gigante não existe mais
Ela fez falta bem maior que o elefante
Toca Raul!
Não!
Paleotoca,
Toca toca, toca
Toca tambor
Tartol e tamborim
Pelo Gandarela
Vou lutar até o fim
Na nossa toca
A mineração não toca
Vê se respeita,
Não me provoca
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Pre, Pre, Pre,
Preguiça
Pra nós deixou
Sua paleotoca
Por isso toca sem preguiça
Por isso
toca, toca, toca
Por isso toca,
Paleotoca
Criação com propósito
A marchinha foi criada em resposta à tentativa da mineradora Vale de recorrer a uma decisão judicial que protege a Paleotoca. Localizada no Distrito Espeleológico Serra do Gandarela, a caverna é a única conhecida em Minas Gerais e está ameaçada pelo projeto Apolo, que prevê a implantação de mina, uma usina e um ramal ferroviário na região.
A Justiça determinou, em junho deste ano, que a Vale e o estado de Minas Gerais se abstenham de qualquer ação que possa danificar a área, reconhecendo sua relevância ambiental e cultural. No entanto, a mineradora apresentou um recurso pedindo o efeito suspensivo da decisão, alegando que o objetivo seria “esclarecer alguns pontos”.
O impacto do projeto Apolo
Estudos do Instituto Prístino apontam alterações nas condições da Paleotoca, como pisoteamento, acúmulo de materiais e pichações. Caso o projeto Apolo seja aprovado, a integridade da caverna pode ser gravemente comprometida.
A mineradora alega que o espaço está preservado sob sua gestão desde 2010 e que implementou medidas de proteção, como barreiras físicas e monitoramento com sismógrafos. Mesmo assim, especialistas e movimentos sociais permanecem céticos quanto à segurança da área.
Edição: Ana Carolina Vasconcelos