Minas Gerais

VALORIZAÇÃO

Saberes e sabores quilombolas são celebrados em cestas de Natal em MG

Produtos são comercializados em Itabira e em Belo Horizonte, e contam com alimentos in natura, processados e artesanais

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
Cada um dos produtos homenageia uma matriarca das comunidades, mulheres que são símbolos de sabedoria e de resistência - Foto: Reprodução/OCDOCE

Cestas de natal que preservam a ancestralidade e a agroecologia. Essa é a ideia da Comissão das Comunidades Quilombolas da Bacia do Rio Doce, em Minas Gerais, que agora, no período natalino, finalmente saiu do papel. 

A iniciativa, organizada a partir da Rede Afroecológica do Rio Doce, traz seis modelos de cestas, com produtos variados para todos os gostos. Cada um desses produtos homenageiam uma matriarca das comunidades, mulheres que são símbolos de sabedoria e de resistência. 

As cestas incluem produtos autênticos das comunidades quilombolas: alimentos in natura, processados e artesanais, cultivados com o saber ancestral e o respeito aos sistemas agrícolas tradicionais quilombolas. Entre eles estão temperos caseiros, cachaça, doces artesanais, geleias naturais e mel de abelhas. 

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Vinicius Sousa, do Quilombo Morro Santo Antônio, em Itabira, um dos organizadores da iniciativa, afirma que a comercialização é um divisor de águas para a comunidade, já que são imprescindíveis para o resgate da agroecologia e também uma forma de dar autonomia às famílias. 

“Para dar direção ao nosso povo, para que eles consigam ver novos horizontes por meio dessa prática afroecológica, que já é algo natural nas comunidades, mas que isso possa também trazer benefícios para saúde das pessoas fora da comunidade”, reforça. 

Fortalecimento financeiro

Ao adquirir a cesta, o público garante a renda das famílias quilombolas, fortalece o modelo agrícola sustentável e valoriza um modo de vida que preserva a cultura e a natureza, como explica Josiane Pascoal, da Comunidade Quilombola de São Felix, no município de Canta Galo.

“Essa cesta vem da nossa ancestralidade, dos saberes tradicionais que nos foram passados de geração em geração, e também traz um impacto social e econômico para nossas comunidades. Com essa iniciativa podemos ter uma geração de renda a mais neste fim de ano”, revela. 

Dinara Santos Silva, do Quilombo Felipe Bom Jesus do Amparo, chama a atenção também para a “cesta de costumes”, que parte da ideia de artesanato sustentável, com respeito ao meio ambiente e à biodiversidade. 

“Produzimos peças com muito carinho para não deixarmos perder essa tradições que os pais da gente passaram para a gente. Isso também gera uma fonte de renda para mim”, lembra.

Projetos futuros

A iniciativa é também organizada pelo o Observatório dos Conflitos e Confluências da Bacia do Rio Doce (Ocdoce). Por uma questão de logística, a produção das cestas acontece em Itabira, para comercialização no município, e também serão vendidas em Belo Horizonte. 

O projeto natalino, no entanto, é apenas o início de uma iniciativa que planeja ser muito maior, com a comercialização desses produtos durante o ano inteiro, a partir de diversas modalidades. 

Para o futuro, a perspectiva é a ampliação das discussões sobre empreendedorismo e protagonismo afro-brasileiro em eventos, porque, mesmo diante de desafios estruturais como precariedade nas políticas públicas, impacto ambiental da mineração, monoculturas e problemas territoriais, o objetivo é fortalecer a produção quilombola, promover segurança alimentar e destacar a importância dos saberes tradicionais. 

Para obter mais informações sobre a compra das cestas e a reserva das edições limitadas, envie uma mensagem para @ocdoce, no Instagram, ou um e-mail para [email protected]

 

Edição: Ana Carolina Vasconcelos